O BTG Pactual (BPAC11) assinou um acordo para adquirir um multifamily office com sede no Rio de Janeiro, em meio a uma onda de aquisições que visa torná-lo o maior gestor de fortunas da América Latina.
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O banco concordou em comprar a unidade de gestão de fortunas da JGP Asset Management, que administra R$ 18 bilhões em ativos, segundo Rogério Pessoa, sócio responsável pela área de gestão de fortunas do BTG. O valor da transação não foi divulgado. Com a aquisição, o banco passará a administrar cerca de R$ 120 bilhões em ativos na área de family office.
A JGP foi cofundada em 1998 pelo lendário gestor André Jakurski, que assumirá o cargo de chairman do comitê de investimentos da unidade de family office do BTG, além de manter seu posto como diretor na JGP. A gestora seguirá como empresa independente, focada na gestão de fundos.
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Analistas concordam que os mercados de capitais da América Latina não têm gerado grandes criações de riqueza nos últimos anos, com a ausência de ofertas públicas iniciais (IPOs) no Brasil desde 2021 com a COVID 19. Em toda a América Latina, a captação via ações somou apenas US$ 1,8 bilhão em 2024, uma queda de 8% em relação ao ano anterior, segundo dados da Bloomberg.
Vale notar que Jakurski também foi um dos fundadores do Banco Pactual em 1983 — instituição que, anos depois, se tornaria o BTG Pactual. Ele também foi mentor de André Esteves, hoje presidente do conselho e maior acionista do BTG. Esteves já declarou: “Ele foi meu sócio por muitos anos, meu chefe e o pai do DNA de gestão de risco do banco, (o que) é motivo de orgulho.”
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O acordo com a JGP vem na esteira da aquisição da unidade brasileira do Julius Baer Group, concluída em 28 de março, que elevou o número de funcionários da área de gestão de fortunas do BTG de 450 para mais de 500, segundo Pessoa. Em setembro do ano passado, o banco também comprou o multifamily office Greytown Advisors, com sede em Miami.
“As oportunidades surgiram e temos a estrutura necessária para sermos um consolidador no mercado”, afirmou o sócio. Ele acrescentou que o BTG continuará buscando aquisições de multifamily offices que atendem clientes latino-americanos, tanto no Brasil quanto no exterior. “Na gestão de fortunas, você precisa crescer e ter escala, e isso é caro”, completou.
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BTG Pactual e sua crescente de domínio sobre o mercado financeiro
Ao final do primeiro trimestre, o BTG somava R$ 1 trilhão (US$ 170 bilhões) em fortunas sob gestão. Para efeito de comparação, o JPMorgan, um dos maiores players entre clientes ricos da América Latina, administrava US$ 220 bilhões da região, segundo Edinardo Figueiredo, CEO para a América Latina e o grupo de famílias globais do JPMorgan, em fevereiro.
Pessoa ressaltou que nada muda para os clientes do Julius Baer no Brasil e da JGP — incluindo os assessores com quem se relacionam e a instituição financeira escolhida para a custódia dos ativos.
Em relatório assinado por Gustavo Schroden e sua equipe, o Citigroup avaliou que a aquisição “pode ser positiva do ponto de vista estratégico”, destacando o “poder de negociação e as habilidades de alocação de capital do BTG que vieram à tona”. Apesar de o valor da compra não ter sido divulgado, o banco americano observou que os últimos trimestres foram fracos para o setor de gestão de ativos no Brasil e, por isso, não descarta um preço razoável pelos ativos.
“Mas tivemos transações de fusões e aquisições que trouxeram liquidez aos proprietários das empresas”, afirmou o sócio, destacando que o banco quer estar preparado para quando os mercados de ações voltarem a se aquecer.