Qell estréia no Brasil com carros movidos a etanol. O grupo norte-americano Qell Acquisition Corp, parte do grupo das chamadas “empresas de cheque em branco”, inicia nesta terça-feira (7) na América Latina um desafio à eletrificação da indústria automotiva global, com uma aposta bilionária nos veículos movidos a etanol.
Contudo, nos EUA, a Qell entrou na lista da Nasdaq em 2020. Recentemente se fundiu com a desenvolvedora de aeronaves elétricas de decolagem e pouso verticais Lilium, numa operação de US$ 3 bilhões.
Entretanto, a empresa abriu um escritório em São Paulo batizado de Qell Latam Partners, num desenho mais similar a um fundo de private equity. Pretende inicialmente comprar companhias da cadeia automotiva na América Latina avaliadas entre US$ 500 milhões e US$ 3 bilhões.
Sócios de peso da Qell
Os sócios no projeto da Qell na América Latina incluem Barry Engle, ex-presidente da GM Internacional; Francisco Valim, ex-presidente de Nextel e Via; e Carlos Zarlenga, que até agosto deste ano era presidente da GM na América do Sul. Todos eles compartilham do diagnóstico de que a América Latina está ficando fora do mapa da próxima geração de investimentos da cadeia automotiva mundial. Isto dado que rupturas provocadas pela rápida migração para os carros elétricos têm levado fabricantes a preferir outras regiões.
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No entanto, diferente do roteiro conhecido da indústria de private equity, porém, a companhia deve primeiro anunciar o investimento e captar os recursos depois, num desenho, agora sim, mais parecido com o das SPACs (Special Purpose Acquisition Company), ou como ficaram conhecidas, “empresas de cheque em branco”.
Contudo, a General Motors, Stellantis e outras montadoras gigantes têm anunciado planos ambiciosos para eletrificação parcial ou total de seus modelos na Europa até 2030, na esteira de subsídios de governos que pressionam para redução de emissões de poluentes.
Embora, segundo Valim “não é só a Ford”, em referência ao anúncio da montadora norte-americana que em janeiro encerrou suas operações de produção no Brasil, como parte de uma reestruturação global, enquanto investe pesado em elétricos na Europa e nos Estados Unidos.
Por esta razão, Valim explica que esse declínio de investimentos globais na América Latina abre oportunidades para explorar fortalezas regionais. Como a dos veículos flex ou movidos a etanol, tecnologia que deve se manter dominante ainda por muitos anos.
Desta forma, aqui, essa transição deve se dar de forma bem mais lenta. A estimativa da consultoria McKinsey é de que até 30% da frota no Brasil será de carros elétricos até 2030.
De acordo com Valim, o setor automotivo será a porta de entrada da Qell na América Latina, mas a empresa pode se espraiar para outros setores industriais também ligados à mobilidade.
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No entanto, o executivo diz que a Qell mapeou cerca de 120 empresas da cadeia automotiva na América Latina que podem ser alvos de investimento. O primeiro deles, possivelmente envolvendo uma montadora de veículos, deve acontecer ainda em 2021. Porém, o executivo não deu detalhes.