Nelson Tanure tem fundos investigados por inside trading. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) vai investigar uma denúncia feita pela gestora Esh Capital, que aponta o uso de informações privilegiadas (insider trading) pelos fundos ligados ao empresário Nelson Tanure na aquisição do controle da Alliar (AALR3).
Nos últimos 12 meses, os papéis da empresa acumulam valorização de 102%, cotados a R$ 19,08 na máxima, atingida em 29 de novembro de 2021 – data em que os fundos de Nelson Tanure estariam colocando em prática o insider trading.
Contudo, o insider trading teria acontecido no fim do ano passado, quando Nelson Tanure negociava a compra de ações do bloco de controle da Alliar. Na época, saiu na mídia que os papéis seriam adquiridos pelo preço de R$ 20,50.
Entretanto, a cotação estava muito abaixo desse valor, próximo a R$ 13,00, e as ações dispararam na Bolsa, visto que os acionistas minoritários esperavam uma oferta pública de aquisição (OPA), por se tratar do controle da Alliar, e correram para “corrigir” o valor da ação.
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Desta forma, “enquanto os minoritários compravam, esperando a OPA, os fundos de Tanure vendiam, realizando lucro daquela alta”.
Conforme informações, entre os dias 18 e 30 de novembro, os fundos teriam se aproveitado da alta das ações para vender 1,48 milhão de papéis, volume equivalente a R$ 25,5 milhões. O preço médio por ação da Alliar ficou em R$ 17,19, cerca de 38,85% acima do fechamento anterior à notícia da possível OPA.
E assim, a CVM informou que “a incerteza, não presente nas decisões dos fundos ligados a Nelson Tanure, colocaria o papel com potencial de chegar a R$ 20,50 mais juros até a liquidação ou voltar ao patamar de R$ 13, em que estava o papel antes da divulgação do conteúdo na coluna do jornalista Lauro Jardim, de O Globo”.
No entanto, a CVM decidiu seguir com a análise para identificar a “profundidade e extensão dos delitos”.
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Entretanto, confirmou-se que o contrato fechado entre Tanure e o grupo de controle da Alliar tinha de fato o valor de R$ 20,50, mas previa uma opção de venda futura de ações. Logo, a transação não exigia a troca de controle imediato, dispensando a OPA.
Por esta razão, a gestora Esh e para a CVM, os quatro fundos — MAM Eagle, Fonte de Saúde, Borgonha e Kyoto — cometeram irregularidade. Isso porque eles venderam um volume relevante de ações “provavelmente sabendo que no contrato de venda constaria a put [cláusula] possibilitando ou tentando a possibilidade de evitar uma OPA por alienação de controle.”
As informações foram divulgadas no Pipeline.