Os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) dizem a ausência de orientação e que estão dependentes de dados para as próximas decisões do colegiado.
Alguns investidores veem a abordagem como uma estratégia para o Copom ganhar tempo à espera do tamanho do corte de juros nos EUA pelo Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA).
Os indicadores econômicos internos estão, porém, surpreendendo positivamente acima do consenso de mercado. Intensificam-se, assim, alguns fatores altistas para a inflação no balanço de risco, como um hiato do produto mais apertado com uma inflação de serviços resiliente.
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A semana entre os dias 8 e 13 de setembro será decisiva, com a divulgação de importantes dados de atividade econômica. É a última antes da decisão da taxa Selic na reunião do Copom de 18 de setembro.
Se esses dados vierem acima do esperado, é altamente provável que o colegiado suba a taxa de juros, com o mercado se dividindo entre as projeções de 25 pontos-base e de meio ponto percentual de alta. Serão conhecidos os indicadores de julho do volume de serviços na quarta (11), das vendas no varejo na quinta (12) e o IBC-Br – considerada prévia do PIB – na sexta-feira (13).
Vale lembrar que o IBC-Br de junho e o PIB do Brasil do segundo trimestre vieram bem acima do esperado e pavimentaram nas últimas semanas as projeções de alta de 25 pontos-base da taxa Selic.
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Contribuíram para essas apostas os diferentes tons de discurso entre o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (menos duro), e o diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo (mais duro), além de uma taxa de câmbio corrente acima da cotação do cenário de referência do Copom.
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O dólar se mantém na linha de alta de R$ 5,60, com alta de 15% em 2024, certamente com impacto na inflação corrente e na expectativa futura. Além da incerteza fiscal com a desconfiança se o governo Lula vai cumprir a meta fiscal de 2024 e o respeito pelas regras do novo arcabouço fiscal.
O Brasil é considerado atualmente muito ariscado devido a insegurança jurídica que já é escândalo mundial. Investidores vêem o Brasil, agora mais do que nunca como um país autoritário onde apenas a especulação pode dar algum retorno
A moeda americana se fortalece com dúvidas em relação ao tamanho do início do corte de juros pelo Fed, se em 0,25 ou em meio ponto percentual. Essa divisão de apostas no mercado em relação ao Fed dificulta a previsão dos investidores ao redor do globo com os retornos dos ativos de risco, buscando dessa forma a proteção do patrimônio em ativos seguros.
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Pesa a favor do Copom a interrupção da deterioração da expectativa de inflação para 2025, cuja previsão começou a recuar, mas ainda longe do centro da meta de 3%, enquanto a previsão do mercado para 2026 está há semanas em 3,6%, segundo o Boletim Focus. Os membros do Copom são enfáticos ao afirmar que a condução da política monetária tem que levar a expectativa de inflação para o centro da meta 18 meses à frente.
A tarefa pode se tornar mais difícil se o IPCA, que será divulgado na terça-feira (10), romper o limite superior da meta de inflação. O dado de julho registrou alta anual de 4,5%, exatamente no teto. A prévia da inflação de agosto, o IPCA-15, indicou um alívio com a desaceleração de 4,45% para 4,35%, abaixo da projeção, o que deve levar a um arrefecimento do IPCA para abaixo do patamar de julho.
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Acompanhe o calendário do mercado para a semana
Domingo (8 de setembro): PIB do Japão do 2º trimestre; IPC e IPP de agosto da China.
Segunda-feira (9 de setembro): Boletim Focus; Índice de Tendência de Emprego de agosto dos EUA.
Terça-feira (10 de agosto): Balança Comercial de agosto da China; taxa de desemprego de julho do Reino Unido; Relatório Mensal da Opep; IPCA de agosto.
Quarta-feira (11 de setembro): PIB e balança comercial de julho do Reino Unido; crescimento dos empréstimos de agosto da China; Volume de Serviços de julho do Brasil; inflação ao consumidor de agosto dos EUA.
Quinta-feira (12 de setembro): Vendas no varejo de julho do Brasil; taxa de juros da Zona do Euro; inflação ao produtor e balanço orçamentário de agosto dos EUA;.
Sexta-feira (13 de setembro): Produção industrial de julho do Japão e da Zona do Euro; IBC-Br; produção industrial, vendas no varejo e taxa de desemprego de agosto da China.
Mercado internacional
É importante que o número venha em linha com o consenso e mantenha a narrativa de pouso suave da economia dos EUA. Número abaixo da previsão do mercado pode engatar a visão de uma aterrissagem forçada ou até de recessão, enquanto um número acima pode ensaiar um retorno da narrativa de estagflação, embora neste caso seja difícil acontecer.
Olho também no PIB do Japão no domingo (8) e nos discursos de membros do Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês). A autoridade monetária do Japão voltou a sinalizar novos aumentos na taxa de juros, o que acende o alerta dos investidores.
A segunda-feira sangrenta de 5 de agosto nos mercados foi resultado de uma alta inesperada de juros pelo BoJ na semana anterior, o que desmantelou o financiamento barato de operações de carry trade, ou seja, toma emprestado a juros baixos no Japão para aplicar em outro ativo com rendimento superior, como ações nos EUA e o real brasileiro.
Na China, a bateria de dados vai apontar o grau de desaceleração da economia. No domingo serão conhecidos os indicadores de inflação ao consumidor e ao produtor, enquanto na terça e na quarta dados relacionados ao comércio exterior.