A pedido do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), a Polícia Federal (PF) instaurou inquérito contra o delegado que atuou no caso envolvendo um suposto esquema na compra de kits de robótica com recursos do Ministério da Educação e atingiu uma pessoa muito próxima de Lira, seu ex-assessor Luciano Cavalcante.
Delegado da PF em Alagoas, Thiago Curvelo de Siqueira Neves coordenou as investigações que resultaram na Operação Hefesto, deflagrada em junho de 2023.
SAIBA: BTG Pactual de André Esteves reporta nova alta no lucro de 28%
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo pelo telegram Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News: Clique aqui. Acompanhe-nos pelo Canal do Whastapp. Clique aqui
LEIA: Big Techs e AGU tem reunião para combater “fake news” sobre tragédia gaúcha
O inquérito contra Neves foi aberto após Lira ter protocolado na PF em Brasília uma representação alegando abuso de autoridade por causa do suposto vazamento de informações sigilosas da operação. Há quem avalie a atitude do presidente da Câmara como uma forma de coação, no que consideram uma tentativa de inibir futuras investigações sobre ele e seus aliados.
Conforme mostrou o portal UOL, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) também abriu um procedimento contra o procurador Manoel Antônio Gonçalves da Silva para apurar sua conduta no caso dos kits de robótica, a partir de uma representação da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados.
AINDA: Wesley Safadão era dono do cavalo arrematado por Lira a R$ 200 mil
A assessoria do Ministério Público Federal de Alagoas informou que Manoel Gonçalves da Silva não irá se manifestar sobre as acusações. O deputado Arthur Lira também não quis se manifestar. Já a assessoria de imprensa da PF de Alagoas disse que não se manifesta sobre investigações que estão em curso.
O inquérito que atingiu o ex-assessor do parlamentar foi trancado e arquivado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes em setembro do ano passado, sob o argumento de que houve “usurpação de competência” do STF.
O arquivamento ocorreu assim que Lira conseguiu a aprovação no Congresso da medida provisória de Lula para aumentar o número de ministérios. Antes da aprovação o ex-assessor de Lira e outras pessoas próximas fora alvo de ação da Polícia Federal, na época circulava que a ação teria sido a mando de Flávio Dino, que controlava a PF no período.
Apesar de não ter sido alvo da operação, Lira se irritou com o vazamento à imprensa da apreensão de anotações de pagamentos com menções a “Arthur”, encontradas pela PF no endereço do motorista de Luciano Cavalcante, Wanderson de Jesus.
Gilmar Mendes manda destruir provas contra Arthur Lira
Após a apreensão do documento encontrado no endereço do motorista de Luciano Cavalcante, o juiz federal Roney Raimundo Leão Otilio enviou a investigação ao STF, uma vez que Lira é parlamentar e tem foro privilegiado.
O ministro Gilmar Mendes, no entanto, determinou em setembro a nulidade de todas as provas sob o argumento de que a PF burlou a competência do STF porque supostamente sabia, desde o começo do inquérito, que o deputado era alvo da investigação. O caso, segundo o ministro, deveria ter começado no Supremo, e não na Justiça Federal de Alagoas.
Além de anular a investigação que acumulou cerca de 40 quilos de documentos e 5 terabytes de informação, Gilmar Mendes determinou a destruição de todos os áudios captados com ordem da Justiça Federal de Alagoas dentro da Operação Hefesto.
As gravações feitas pela PF nunca foram tornadas públicas, mas diferentes fontes ouvidas pela reportagem contaram que telefonemas dados ou recebidos por Luciano Cavalcante no primeiro semestre de 2023 foram alvos da intercepção.