A menos de uma semana do Copom, os grandes bancos estão pessimistas com o cenário para os juros brasileiros. Eles veem a Selic chegar a até 15,75% e os cortes – se houver – apenas em 2026.
Itaú e Citi revisaram suas projeções nesta semana e veem a taxa de juros chegar a 15,75% e 15,50%, respectivamente. Já o JPMorgan manteve sua estimativa de Selic em 15,25%, mas ponderou que o balanço de riscos do Banco Central está hoje “inclinado para um aperto monetário mais agressivo” do que o cenário atual do banco, de acordo com relatório assinado pela chefe de pesquisa econômica para América Latina, Cassiana Fernandez.
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O BTG Pactual espera Selic de 15,25% no final do ciclo de aperto, mas ressaltou em relatório que segue monitorando os desdobramentos do cenário econômico “com atenção à evolução da atividade econômica, das expectativas de inflação e dos ativos financeiros, além da resposta da política fiscal de Lula, que serão determinantes para eventuais ajustes futuros do cenário”. No mês passado, o Bradesco também estimou a taxa de juros em 15,25%.
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O Banco Central já sinalizou duas altas adicionais de 1 ponto percentual da Selic, que devem levar a taxa a 14,25% até março. A primeira dessas duas elevações deve ocorrer na semana que vem, quando a taxa básica deverá ser elevada para 13,25%.
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Além da pressão câmbio, um choque nos preços de alimentos e o crescimento da atividade econômica acima do potencial são listados pelos economistas dos bancos para justificar a piora no cenário para o IPCA em 2025. Os bancos têm projeções de inflação em torno ou acima dos 5% para este ano, muito além, portanto, da meta do Banco Central, de 3%.
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O economista-chefe do Itaú, Mario Mesquita, estima que cortes nos juros só devem acontecer em 2026 – mas alerta que “caso haja nova rodada de depreciação da moeda e/ou deterioração adicional das expectativas, não é possível descartar uma extensão do ciclo e eventualmente, uma postergação dos cortes em 2026”.
As projeções de taxas maiores se ancoram em um cenário mais desafiador para a inflação depois da rodada de piora dos ativos no fim do ano passado que prejudicou as expectativas e elevou o dólar para acima de R$ 6,00 – na maior alta anual para o câmbio desde 2020 -, o que contamina os preços de insumos e produtos importados no país. A moeda devolveu parte da valorização neste início de ano e opera nesta quinta-feira perto de R$ 5,94.