Os juros estão corroendo uma fatia cada vez maior da renda das famílias brasileiras, atingindo um patamar recorde que compromete a saúde financeira dos lares do país. Segundo dados do Banco Central, em maio de 2025, 9,86% da renda familiar foi destinada apenas ao pagamento de juros — o maior percentual desde o início da série histórica, em 2005. No total, quase 28% da renda das famílias está comprometida com o pagamento de dívidas.
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Peso dos juros na renda das famílias brasileiras
Mais de um terço desse montante que sai do orçamento familiar serve exclusivamente para pagar encargos financeiros, um peso que é quase três vezes superior à média dos países desenvolvidos. A diferença se explica pelo perfil do crédito tomado pelos brasileiros: enquanto o financiamento imobiliário, que tem taxas mais baixas, consome 2,1% da renda, a maior parte das dívidas está concentrada em modalidades com juros muito mais altos, como o cartão de crédito e o empréstimo pessoal, cuja taxa média anual alcança impressionantes 58,3%.
Crescimento do crédito e alta dos juros
O saldo do crédito com recursos livres (excluindo o crédito imobiliário) cresceu 23,4% em apenas dois anos, ampliando ainda mais o impacto da dívida sobre as famílias. Enquanto isso, os gastos com juros avançaram 20,5% em 2024, uma alta muito superior ao crescimento da renda anual das famílias, que foi de apenas 3,2% em igual período. Essa discrepância evidencia o desafio crescente para os brasileiros manterem o consumo e o equilíbrio financeiro diante das pressões do mercado de crédito e da alta da taxa Selic, que alcançou 14,25% ao ano em março de 2025, a mais alta dos últimos 20 anos.
Consequências para a economia e o consumo
O comprometimento elevado da renda para o pagamento de juros limita o consumo e dificulta o investimento das famílias, impactando negativamente a economia como um todo. O fluxo financeiro que sai da população fortalece o setor financeiro, mas diminui a capacidade das famílias de investir em educação, saúde, habitação e outras necessidades básicas. Analistas alertam que, sem ajustes fiscais e econômicos que permitam uma queda na taxa básica de juros, essa dinâmica pode se prolongar, dificultando a recuperação econômica e ampliando a desigualdade no país.

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Cenário futuro e desafios
Para reduzir o peso dos juros sobre a renda do brasileiro, especialistas indicam a necessidade urgente de políticas fiscais responsáveis, redução da inflação e estímulos para que o Banco Central possa reduzir gradativamente a Selic sem riscos à estabilidade econômica. Enquanto isso não ocorre, os consumidores precisarão lidar com um cenário em que quase 10% da sua renda mensal é consumida pelos juros das dívidas, configurando um dos maiores desafios da economia familiar brasileira em 2025.