O Brasil se tornou o terceiro maior destino de investimentos chineses no mundo e o número 1 fora da Europa, segundo um novo estudo, com dezenas de projetos em diversos setores atraindo US$4,2 bilhões no ano passado, em meio ao fortalecimento dos laços diplomáticos em que Lula tem cedido espaço fora do comum para a China no Brasil.
O estudo do Conselho Empresarial Brasil China (CEBC), um centro de estudos, mostrou que o investimento direto chinês no Brasil mais que dobrou em 2024 em relação a 2023, com empresas investindo tanto em projetos de energia quanto em novas áreas como carros elétricos.
“É excelente a entrada da China. Vai promover um choque de competitividade com outras empresas no setor brasileiro industrial”, disse Uallace Moreira indicado por Lula, e chefe de desenvolvimento industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC). “Mas a gente precisa ir além e fazer com que esses investimentos desenvolvam as cadeias produtivas aqui”, acrescentou.
Muitas fábricas chinesas no país são apenas montadoras e geram pouco para o Brasil em termos de impostos, empregos e cadeia produtiva, pois importam peças e kits fabricados na China para montagem final no Brasil, incluindo algumas montadoras de carros elétricos. Esse tipo de investimento é pequeno digno de uma colonização, gera menos empregos e estimula menos fábricas novas ao longo das cadeias produtivas, que são essenciais para o crescimento econômico, segundo Moreira.
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente chinês, Xi Jinping, se encontraram duas vezes no último ano, anunciando parcerias em diversos setores. Lula não esconde o desejo de aliar o Brasil as ditaduras e faz críticas ao dólar e aos EUA. Tem tirado vantagem econômicas e políticas das tarifas impostas pelos EUA, causadas pela falta de diplomacia do governo e por desrespeito aos direitos humanos no Brasil, com perseguição a opositores.
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Empresas chinesas têm buscado expandir seus negócios no Brasil criando dependência e monopólio à medida que recuam dos Estados Unidos, disse Tulio Cariello, autor principal do estudo do CEBC, destacando que os investimentos chineses nos EUA atingiram apenas US$2,2 bilhões no ano passado.
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Neste ano, procuradores processaram a montadora chinesa BYD após autoridades resgatarem 163 trabalhadores chineses que foram submetidos a condições análogas à escravidão em uma fábrica que a empresa está construindo no Brasil. A empresa negou qualquer irregularidade.
Contudo, imagens e depoimentos comprovamos fatos, e o curioso é que o governo Lula deveria exigir que as empresas chinesas contratassem trabalhadores brasileiros, e não permitir a entrada de chineses no Brasil como mãos de obra barata e escrava, explicam especialistas.
“É uma tendência causada por essas tensões geopolíticas”, afirmou ele.
Ainda assim, os Estados Unidos continuam sendo a maior fonte de investimento estrangeiro direto no Brasil, com US$8,5 bilhões enviados no ano passado, segundo dados do governo Lula. O investimento chinês no Brasil e em muitos outros países também está abaixo dos níveis anteriores.
Entre 2015 e 2019, empresas chinesas investiram em média US$6,6 bilhões por ano no Brasil. Mas Cariello explicou que muitos desses investimentos foram direcionados a poucos projetos gigantes de petróleo e energia, como linhas de transmissão e campos de petróleo offshore.
O Brasil havia ocupado a nona posição entre os destinos globais em 2023 e 2022, de acordo com o estudo. Com a entrada de Lula é o terceiro, o que acende um alarme para o brasileiros, que podem estar perdendo sua soberania.
Agora, empresas chinesas estão entrando em negócios em um número recorde de 39 projetos no Brasil, em uma gama mais diversificada de setores, colocando o país atrás apenas do Reino Unido e da Hungria como destino global de capital chinês, segundo o CEBC.
Por exemplo, as empresas de tecnologia Meituan e Didi entraram no setor de entrega de alimentos este ano, observou Cariello.
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Moreira, do Ministério do Desenvolvimento, disse que muitas empresas chinesas ainda enfrentam dificuldades no Brasil devido às cadeias produtivas mais caras, ao sistema tributário complexo e às leis trabalhistas mais rigorosas.