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Correntistas do banco digital Girabank têm reclamado nas redes sociais que tiveram as aplicações retidas e não conseguem fazer transferência de dinheiro depositado na instituição.

O banco é sediado na Rua Pedroso Alvarenga, Zona Sul da cidade de São Paulo, e tinha o influenciador e humorista Carlinhos Maia como sócio-fundador até o ano passado. O humorista usou as redes sociais no sábado (23) para dizer que não tem mais vínculo com a fintech (veja mais abaixo).

Os correntistas relatam que há dias não conseguem contato com a empresa pelos canais de comunicação disponibilizados no site.

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“Comecei a usar o banco por recomendação do Carlinhos Maia. Ele dizia que era seguro e falava que era o banco dele. Depositei R$ 10 mil do meu marido. Mas nesta semana fui sacar parte para pagar contas de casa, e o aplicativo do banco deu que a conta estava inativa”, contou ao g1 a designer Bianca Souza Godoi, de 28 anos.

Mãe de uma criança de quatro anos, Bianca está desempregada e grávida do segundo filho. O dinheiro depositado no Girabank era toda a economia que a família tinha para emergências. Ela diz que se sente enganada.

A aposentada Shirlei Rodrigues também conheceu o banco pelas redes sociais de Carlinhos Maia e enfrenta problemas. Ela contou que em novembro tentou sacar um valor que estava na conta.

“Eu tentava todos os dias fazer um Pix para uma outra conta minha e não conseguia, falava que estava com problemas, que era para tentar mais tarde. Até que um dia simplesmente não consegui entrar na minha conta. A mensagem que veio foi que esta conta tinha sido desativada. Mas eu não desativei”, afirmou a aposentada.

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“A gente faz acreditando na pessoa que vemos todos os dias no Instagram. E nos passa uma visão de ser humano honesto”, completou. “O telefone que eles passam para entrar em contato diz que está errado ou não existe.”

Shirlei acionou uma advogada e vai entrar com um processo contra o banco. Além dela, outras pessoas que também foram lesadas estarão na ação.

O g1 também tentou falar no 0800 do Girabank e contatar a empresa por e-mail, mas não obteve sucesso e enfrentou os mesmos problemas narrados pelas clientes.

Na plataforma Reclame Aqui, há mais de 2.400 queixas contra o banco. Nas redes sociais da empresa, outras pessoas têm narrado problemas para ter a devolução do dinheiro investido.

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“Estou com meu dinheiro preso no GiraBank, ninguém resolve nada , esses números dá que não existem, e-mail ninguém responde? Vcs podem tomar alguma providência?”, declarou Tays Ribeiro, da cidade de Leme, no interior de São Paulo.

Luiz Carlos Ferreira dos Santos, o Carlinhos Maia, é natural da cidade de Penedo, a 170 km da capital de Alagoas, Maceió. Aos 31 anos, é considerado um dos maiores fenômenos da internet, com mais de 29 milhões de seguidores no Instagram.

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Em suas redes sociais, Maia disse que se desligou da empresa e que “ninguém está sendo roubado pelo Girabank”. Segundo ele, a empresa está contatando os clientes para solucionar os problemas.

“Uma coisa importante sobre o Girabank: como a maioria de vocês já sabe, me desliguei da empresa já faz quase um ano, justamente porque toda vez que acontecia algum problema, o pessoal vinha e descia o cacete em mim. Pode estar acontecendo 1 milhão de coisas boas, mas deu qualquer probleminha…”, declarou.

“O Girabank emitiu hoje uma nota a todos os correntistas, tá, gente? O Girabank, até onde eu sei, que outros sócios me falaram, foi vendido para um outro grupo americano e todas as pessoas… Estou falando isso aqui com carinho às pessoas, porque fui eu que indiquei: não se preocupe, não tem dinheiro de ninguém sendo roubado”, afirmou Maia (veja vídeo acima).

Nos termos de uso do sistema do banco, que estão no site da empresa, a informação é que os serviços de transferência de dinheiro são oferecidos por outras empresas: a Acesso Soluções de Pagamento S.A., conhecida por operar a plataforma de investimentos Bankly, e a Pinbank Brasil Instituição de Pagamentos S.A.

A Pinbank é uma fintech e informou ao g1 que é uma prestadora de serviços de banking, mas estão em fase pré-operacional e não possuem contas ativas da Girabank. “Eles nos contrataram, mas a operação ainda não foi iniciada.

A empresa informou ainda que está considerando “não seguir com a parceira dado que não compactuamos com possíveis práticas que estão em desacordo com as regras de mercado”.

Em nota, a Bankly confirmou “que manterá os recursos à disposição dos clientes e fornecerá meios para que os clientes possam transferir seus recursos para outras contas de sua titularidade”.

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Fintech não consta no BC com fiscalização direta

A empresa Girabank Tecnologia e Finanças Instituição de Pagamento LTDA não aparece no catálogo público de bancos e fintechs reguladas e supervisionadas pelo Banco Central brasileiro.

Pelo quadro societário registrado no governo federal, a empresa tem como sócias as companhias:

  • THREE HUNDRED INVESTIMENTOS E PARTICIPACOES LTDA / CNPJ 42.360.353/0001-42 (Maceió)
  • DMB TECHNOLOGY LTDA – CNPJ 46.402.865/0001-85 (Maceió)
  • PRUDENTTE GESTAO DE PAGAMENTOS LTDA – CNPJ 37.336.274/0001-66 (São Paulo)

Nenhuma das empresas que aparecem na Receita Federal como sócias do Girabank são fiscalizadas pelo BC.

Duas das três empresas têm sede em Alagoas, estado do humorista e influencer que era garoto-propaganda do produto, e a terceira, na capital paulista.

Carlinhos Maia não aparece atualmente como sócio de nenhuma dessas empresas donas do Girabank, segundo os registros na Receita Federal. A fintech foi fundada em novembro de 2021.

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