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Na última terça-feira (19) viralizou no X (antigo Twitter) uma publicação falando sobre o Clube do Empréstimo PicPay. No comando do PicPay está um membro mais jovem da família, José Antonio Batista. A empresa foi fundada em 2012, no estado do Espírito Santo, mas foi somente em 2015 que os Batista se tornaram acionistas.

A empresa afirma ter mais de 50 milhões de usuários, com mais de R$ 3 bilhões por mês em transações, segundo seu website. A empresa que faz parte do grupo dos irmãos Batista da JBS. Ele é uma modalidade de empréstimo de pessoa física para pessoa física que promete juros atrativos para quem pega o dinheiro e rendimentos de até 162% ao ano para os investidores.

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O post viral foi feito pelo influencer Jefinho (Jéferfon Menezes), que se disse “fascinado” pelo sistema. Ele comparou o modelo de negócios ao Uber, já que o que o PicPay faz é apenas intermediar quem está precisando do dinheiro com quem que tem dinheiro sobrando para investir.

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Ele afirma que o negócio é voltado para pessoas que estão com muitos problemas financeiros, já que os juros podem não ser tão baixos quanto os prometidos. Além disso, ele explica sobre a taxa de administração que é cobrada pela plataforma de quem está emprestando o dinheiro.

Outra curiosidade revelada por ele é que há um movimento no YouTube de pessoas que estão ensinando a descobrir o endereço da pessoa que pegou o dinheiro e não pagou.

Jefinho ainda mostra capturas de telas de supostos investidores cobrando o valor de quem não efetuou o pagamento.

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Com o post do influencer passando de 340 mil visualizações, muita gente ficou na dúvida se o sistema é legal e se é confiável. Então resolvemos pesquisar sobre o assunto e explicar como funciona o Clube do Empréstimo PicPay.

No caso do PicPay, a empresa oferece o produto do Clube de Empréstimo como correspondente bancário da Crednovo Sociedade de Empréstimo entre Pessoas S.A.

O empréstimo de pessoa física para pessoa física é legal?

Primeiro de tudo é importante explicar que o empréstimo de pessoas físicas para pessoas físicas é permitido pelo Banco Central (BC). Em 2018, a entidade criou as Sociedades de Empréstimos entre Pessoas (SEP), que são instituições que realizam estes tipos de operações.

O modelo de negócio se chama P2P Lending, lógica emprestada de sistemas como o torrent, que funciona em uma rede descentralizada e interligada de usuários baixando e enviando pedaços de arquivos para outros.

Segundo o Banco Central, as SEP podem emprestar no máximo R$ 15 mil para uma pessoa física. As operações podem ser realizadas por fintechs, que agem justamente como intermediadoras dos contratos entre quem empresta e tomadores de crédito.

Vale a pena pegar dinheiro pelo Clube do Empréstimo PicPay?
Assim como qualquer operação do tipo, o usuário deve pensar bastante antes de pegar dinheiro no Clube do Empréstimo PicPay. O app de serviços financeiros promete taxas a partir de 3% ao mês, valor que até parece baixo. Contudo, vale contextualizar esta informação.

Quando se fala sobre taxas, o ideal é comparar as médias ou pelo menos as taxas máximas, e não os valores iniciais. Buscamos junto ao aplicativo a taxa média dos empréstimos P2P Lending, mas a empresa não informou.

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Sem este dado do PicPay, a comparação com os outros empréstimos acaba ficando prejudicada. Mas só para se ter uma ideia, vamos comparar as taxas do PicPay com o empréstimo pessoal e empréstimo consignado (que são as modalidades mais comuns do mercado).

De acordo com o Procon-SP, a taxa média do empréstimo pessoal dos principais bancos do país é de 7,96% ao mês (começo de dezembro). No caso do consignado, a taxa máxima é de 1,80% ao mês, segundo deliberação do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS).

Ainda sobre os benefícios da operação, o PicPay garante que os tomadores de empréstimo podem pagar em até 15 parcelas e que a pessoa não precisa nem ter conta em banco para pegar o dinheiro.

Quais os riscos de investir dinheiro no Clube do Empréstimo PicPay?

Antes de investir o dinheiro no Clube do Empréstimo PicPay, o aplicativo mostra informações como a taxa de risco de quem está precisando do dinheiro. Ou seja, o cliente que está pedindo o dinheiro é avaliado de 1 (muito risco) a 7 (pouco risco). Com isso, teoricamente quem for avaliado no risco 1 tem muita chance de não pagar o empréstimo, enquanto quem for do risco 7 a chance de liquidar a dívida é alta.

Segundo o PicPay, o risco de investimento “inclui a consulta a órgãos de proteção ao crédito públicos ou privados. Basicamente, é um cálculo com base em informações relevantes para a análise de crédito, que leva em consideração os dados cadastrais, dados negativos e positivos e hábitos financeiros”.

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Por causa disso, neste sentido a opção de investimento é parecida com o mercado mais tradicional que oferece opções de baixo risco (CDI e Poupança, por exemplo) e de alto risco (ações na Bolsa de Valores e Day Trade).

No caso dos empréstimos para pessoas com risco mais alto, o que chama a atenção é que o PicPay oferece retornos de mais de 100% ao ano. Em uma simulação feita pela reportagem era possível comprar cotas com retorno de investimento de 115%, o que equivale a quase 980% da CDI/ano. A cota era de uma pessoa classificada como risco 4.

E apesar de chamativo, os interessados devem ficar atentos a uma regra em específico. Como dito na thread de Jefinho, alguns investidores não estão recebendo o dinheiro de quem tomou o empréstimo. E isso pode se tornar uma grande dor de cabeça.

Como respondido pelo próprio PicPay a uma pessoa no Reclame Aqui, ao aceitar os Termos de Uso, o investidor concorda em correr o risco de perder totalmente os valores investidos.

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Isso acontece porque o PicPay diz que “apenas aproxima o tomador e o investidor e não assume nenhuma responsabilidade e nem concede garantia de pagamento dos empréstimos”. A única coisa que o PicPay se dispõe a fazer, como o contrato diz, é cobrar da pessoa que tomou o empréstimo e negativar o nome dela caso seja necessário.

Por causa disso, investir o dinheiro no Clube do Empréstimo PicPay é bastante arriscado mesmo em casos de empréstimos para pessoas com fator de risco mais baixo, já que se ela não pagar, o investidor ficará inteiramente com o prejuízo.