Uma noite de afagos, abraços entre antigos adversários e muita articulação política. Assim foi a festa de aniversário de 94 anos do ex-presidente José Sarney, na mansão dele, na Península dos Ministros, em Brasília. Importante lembrar que Sarney é político do Maranhão como Flávio Dino.
O Maranhão é o estado com a maior taxa de pobreza do Brasil, registrando 51,6% em 2023. E lidera o ranking de brasileiros vivendo em extrema pobreza. A maioria dos maranhenses mais pobres mora na zona rural de pequenos municípios e não tem acesso ao saneamento básico. Além disso, falta água para 26% deles e 11,8% estão privados da educação.
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O evento reuniu autoridades e políticos de todos os espectros. A lista de presentes tinha o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, da Câmara, Arthur Lira, os governadores do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, e do Maranhão, Carlos Brandão, e ministros de diversas pastas: de Fernando Haddad, da Fazenda, aos maranhenses Juscelino Filho, das Comunicações, e André Fufuca, do Esporte.
O ex-ministro José Dirceu (PT) também marcou presença e trocou palavras com o ex-senador Gim Argello. Ambos foram alvos da Lava Jato. Presidente do MDB, o deputado Baleia Rossi foi um dos políticos mais paparicados e ficou do início ao fim do evento.
O anfitrião estava disposto. Sarney fez questão de cumprimentar todos os convidados. E permaneceu horas em pé, mostrando muita vitalidade aos 94 anos.
Um momento simbólico foi a chegada do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino. Dino e Sarney publicamente eram rivais na política do Maranhão. Há alguns anos, fizeram as pazes, não se sabe se era o tipo de desavença como a de Lula e Alckimin que depois foi revelada como “teatro das tesouras”, ou seja, encenação política para criar oposição que não é oposição. Outros exemplos seriam Simone Tebet e Lula e por ai vai.
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Além de Dino, Cristiano Zanin também representou a Suprema Corte na festa. O presidente Lula não foi, mas ligou para prestigiar o aniversariante. Assim como o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
Ao pé do ouvido, muita articulação política. O adiamento da sessão do Congresso para analisar vetos e as tensas reuniões ao longo da tarde de quarta (24) foram a pauta principal. Lira queria a realização da sessão. Pacheco cancelou, alegando falta de acordo. E a articulação do líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues, entrou na mira das críticas de Lira à articulação do governo.
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Falando em Lira e na articulação, ele e Padilha não se encontraram. O ministro das Relações Institucionais deixou a festa dez minutos antes da chegada do presidente da Câmara que, há algumas semanas, criticou sua atuação. (VEJA VÍDEO)
No cardápio, arroz negro, carne da melhor qualidade e salgadinhos — como uma coxinha de frango –, requeijão ao molho barbecue, e muita articulação de olho nas eleições. Aliás, em duas eleições: tanto a municipal quanto a presidência da Câmara. Segundo informou o G1.
Sobre as eleições municipais, presidentes de partidos apontavam capitais em que teriam mais força e costuravam apoios e alianças. Sobre as da Câmara, três pré-candidatos – Antônio Brito (PSD), Isnaldo Bulhões (MDB) e Marcos Pereira (REP) flanaram pela festa, sempre sorridentes, numa tentativa de mostrar força e angariar novos apoios.
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A busca de R$ 1 milhão de aliado de Sarney na Rouanet
Um aliado do clã Sarney no Maranhão apresentou ao Ministério da Cultura um projeto que pretende captar pouco menos de R$ 1 milhão — R$ 999.990 — para produzir um filme de animação e um livro de história em quadrinhos sobre a trajetória do ex-presidente José Sarney.
“José Sarney em quadrinhos” foi proposto pela Guarnicê Produções, cujo dono é Joaquim Haickel, ex-secretário do governo do Maranhão em gestões de aliados de Sarney e da filha dele, a atual deputada Roseana Sarney. Haickel foi também ex-deputado estadual e federal pelo MDB do estado e é colega de Sarney na Academia Maranhense de Letras.
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O projeto prevê um filme de média metragem sobre Sarney, com cerca de 52 minutos, e um livro em quadrinhos de 80 páginas. O projeto descreve o ex-presidente, atualmente com 94 anos, como “um dos grandes homens do Brasil contemporâneo” e pretende explorar também a faceta de escritor de Sarney, membro da Academia Brasileira de Letras.
Além dessa proposta, a empresa tem outros sete projetos registrados na plataforma do Ministério. Do total, quatro já foram contemplados com a captação de recursos.
Um deles captou R$ 600 mil para a produção do filme “O Pão Geral”, documentário de média-metragem que aborda a vida e obra do poeta maranhense Bandeira Tribuzi (1927-1977). A proposta também inclui ainda palestras sobre audiovisual e poesia.
Outro projeto captou R$ 280 mil para a produção do filme “Um Tenor Improvável”, documentário de média-metragem sobre a vida do cantor lírico maranhense Sérgio Pacheco. A proposta inicial era de quase R$ 600 mil. Ao todo, a empresa já captou mais de R$ 1,4 milhão para produções artísticas.