A Embaixada dos EUA em Brasília tornou pública nesta segunda-feira, dia 19, a oferta de uma recompensa de até R$ 10 milhões para quem fornecer informações sobre “mecanismos financeiros Hezbollah na área da Tríplice Fronteira”. O texto pede que o informante “entre em contato” com o serviço de segurança do Departamento de Estado americano e afirma: ”você pode se qualificar para uma recompensa e relocação”.
A iniciativa aconteceu no dia em que o almirante Alvin Holsey, chefe do SouthCom, o comando Sul das Forças Armadas dos EUA, desembarcou em Brasília para uma visita de três dias, quando deve se encontrar com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, e com os comandantes das três Forças: Marinha, Exército e Aeronáutica. E causou mal-estar entre os militares brasileiros ouvidos pelo Estadão.
MAIS: Hotel escolhido por Lula na China é para milionários, com xicara…
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo pelo telegram Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News: Clique aqui. Acompanhe-nos pelo Canal do Whastapp. Clique aqui
SAIBA: Governo Lula em três meses já tem recorde histórico de gastos com viagens…
Na terça-feira, Holsey será recebido pelo comandante do Exército, general Tomás Miguel Ribeiro Paiva. O almirante havia solicitado visitar uma unidade do Exército brasileiro na fronteira com outros países da região amazônica, mas o comando do Exército informou ao americano que ele teria de ser recebido no Comando Militar da Amazônia, o que o fez cancelar seus planos de ir à região.
O Hezbollah é considerado uma organização terrorista pelos Estados Unidos. Ele atua como um partido político armado ligado à comunidade xiita no Líbano sob o pretexto de combater a ação de Israel na região.
O desconforto dos militares se deve ao fato de a região da Tríplice Fronteira fazer parte da área em que a Força terrestre tem o poder de polícia – a faixa que se estende até cem quilômetros das fronteiras do País – e desempenha de forma integrada com a Polícia Federal e outras instituições controle do crime transnacional.
A publicação da embaixada americana foi feita em português e afirmava que as redes do Hezbollah na América do Sul, especialmente na tríplice Fronteira de Brasil, Argentina e Paraguai “tem gerado receita por meio da lavagem de dinheiro, tráfico de narcóticos, falsificação de dólares americanos, comércio ilícito de diamantes e contrabando de dinheiro, petróleo, carvão e cigarros.
Ela também acusa o grupo libanês de se envolver em atividades comerciais, como construção civil, venda de imóveis e no comércio exterior. Para quem tiver informações sobre as atividades financeiras do Hezbollah na região, a embaixada pede que contatem o serviço de segurança do departamento de estado por meio de mensagem pelo Signal, Telegram e pelo WhatsApp ou por meio do disque-denúncia do órgão.
MAIS: Lula usa máquina pública transformada em reduto petista para as eleições, afirma Estadão
Ligação do Hezbollah com o PCC
Em 2023, o Estadão revelou que o traficante turco Eray Uç foi preso em Santos usando a identidade de seu irmão, Garip. Eray era conhecido não só da Drug Enforcement Administration, (DEA) a agência antidroga americana, mas também das principais agências de combate ao terrorismo no mundo.
Tudo porque ele era acusado de participar de uma rede internacional de traficantes de drogas que entregava ao Hezbollah parte de seus lucros em troca de proteção para atuar no Oriente Médio. Eray fugira da prisão no Paraguai em 2017, onde estava encarcerado sob a acusação de participar da rede que seria liderada por Ali Issa Chamas, também detido no Paraguai e extraditado para os Estados Unidos.
LEIA: Governo Lula rompe cooperação jurídica com o Peru em processos
Em audiência de 17 de abril de 2018, do Subcomitê de Contraterrorismo e Inteligência da Câmara dos Deputados dos EUA, Chamas e Eray foram citados em razão dos pagamentos ao Hezbollah, no Líbano, que usaria o dinheiro para comprar armas. No Brasil, Eray se aliara ao Primeiro Comando da Capital (PCC) para instalar um laboratório a fim de produzir o Dry Marroquino, um tipo de haxixe em Santos, no litoral de São Paulo.