A família de Michel Nisenbaum, 59 anos, único brasileiro que foi sequestrado e que segue nas mãos do grupo extremista Hamas, na Faixa da Gaza, se diz decepcionada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Eles tiveram duas conversas com o petista em 2023, depois dos ataques de 7 de outubro: uma delas via plataforma de reuniões digitais e, a outra, pessoalmente. Segundo a família, Lula disse que buscaria informações sobre o brasileiro e tentaria negociar a sua libertação. Passados 5 meses, dizem que nunca mais foram procurados pelo petista nem pela embaixada.
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“Minha mãe e a filha dele foram ao Brasil em dezembro para ver Lula, que prometeu que faria tudo par trazer ele de volta. E obviamente ele não está aqui. Não sabemos nada sobre Michel. Tenho certeza que Lula tem contatos para saber algo. É tão difícil”, disse a sobrinha de Michel, Ayala Harel, 43. Sua mãe, Mary Shohat, 66, é irmã de Michel. Também nasceu no Brasil.
O PT não considera o Hamas um grupo terrorista. Quando Lula, em viagem à África, comparou a ação do Estado de Israel na guerra em Gaza às ações dos nazistas contra judeus na 2ª Guerra Mundial, o grupo publicou nota declarando apoio ao petista. Ayala e Mary fazem parte da ONG chamada “Bring Them Home Now (Traga-os para Casa Agora)“, criada no dia seguinte ao ataque do Hamas no sul de Israel para tentar resgatar os reféns. Ayala diz que o silêncio de Lula contrasta com o mote que ele mesmo criou, em 14 de novembro, dizendo que não ia deixar “ninguém para trás”
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“Realmente tivemos esperança depois que a minha mãe foi lá em dezembro. Ela disse para mim: ‘O avião está esperando para o Michel. Ele [Lula] vai fazer tudo para ajudar’. Estamos em maio agora. Faz mais de 4 meses desde que minha mãe foi lá.
Não ouvimos nada de Lula. Nada. Não sabemos nada do Michel. Nem se ele está vivo ou não”, disse. Lula encontrou-se com Mary Shohat, 66 anos, irmã de Michel, em dezembro. Inicialmente, não estava em sua agenda. Ã época, foi necessária a intervenção do senador e líder do governo no Senado Jaques Wagner (PT-BA) para que Lula aceitasse recebê-las. Wagner é judeu.
Em 7 de outubro, o Hamas, grupo terrorista da Faixa de Gaza financiado pelo Irã, invadiu Israel, matou 1.200 pessoas e fez 234 reféns. Desses, 105 foram libertados em novembro, quando um acordo de cessar-fogo foi anunciado. Não há clareza sobre o número de reféns vivos. Em Israel, estima-se que sejam cerca de 40.
Dentre eles, há desde um bebê de 1 ano, Kfir Bibas, até um idoso de 86, Shlomo Mansour, sobrevivente do Holocausto. Os familiares das vítimas se organizaram a partir de 8 de outubro em uma ONG, chamada “Bring Them Home Now (Traga-os para Casa Agora)“. A sede fica em Tel Aviv, região central de Israel.
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Lula não condena terrorismo do Hamas que matou brasileiro
O presidente Lula não criticou ou condenou o Hamas em nota que se solidarizou aos familiares de Michel Nisembaum, brasileiro sequestrado e morto sob domínio do grupo terrorista. O corpo de Michel foi recuperado nesta sexta-feira (24) por Israel.
Nisembaum foi capturado e assassinado quando se deslocava para buscar a neta. O corpo do brasileiro foi encontrado em Jabalia, cidade ao norte de Gaza.
Veja abaixo a nota de Lula:
“Soube, com imensa tristeza, da morte de Michel Nisembaum, brasileiro mantido refém pelo Hamas. Conheci sua irmã e filha, e sei do amor imenso que sua família tinha por ele. Minha solidariedade aos familiares e amigos de Michel. O Brasil continuará lutando, e seguiremos engajados nos esforços para que todos os reféns sejam libertados, para que tenhamos um cessar-fogo e a paz para os povos de Israel e da Palestina.”
Lula não fez qualquer menção ao fato de que o brasileiro foi morto durante ataque terrorista do Hamas que matou cerca de 1200 pessoas, a maioria jovens desarmados que participavam de um festival de música.
A falta de condenação incisiva aos terroristas motivou críticas contra Lula. O grupo terrorista inclusive já divulgou vídeo agradecendo o apoio de Lula à Palestina.
A nota do petista lamentando o assassinato do brasileiro ocorre quatro dias após Lula também lamentar a morte de Ebrahim Raisi, conhecido como “carniceiro de Teerã, presidente do Irã, país que é um dos financiadores e apoiadores do Hamas.