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Trata-se do segundo pior fluxo financeiro do país no período desde o início da série histórica do BC, iniciada em 1982, atrás apenas de 2020 com o início da maior crise sanitária da história mundial, a Pandemia de Covid 19. No primeiro quadrimestre daquele ano, marcado pela eclosão da pandemia de covid-19, houve saída líquida de US$ 32,52 bilhões pela conta financeira.

O fluxo financeiro relaciona-se à entrada e saída de dólares no mercado de capitais, com operações referentes a, por exemplo, investimentos em títulos, remessas de lucros e dividendos no exterior e investimentos estrangeiros diretos.

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Desinvestimento no Brasil cresce
Segundo Cristiane Quartaroli, economista do Ouribank, o fluxo financeiro vem desacelerando desde 2022 ao analisar os dados acumulados em 12 meses. Neste ano, a saída de dólares pela via financeira foi puxada pelo desinvestimento na Bolsa brasileira, avalia.

— A gente teve uma saída de US$ 7 bilhões em ações no acumulado do ano de 2024. Está muito ligado a isso e esse é um dos motivos por que a nossa taxa de câmbio também está pressionada — disse a economista ao Estado de S. Paulo, na quinta-feira.

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Os dados sublinhados por Quartaroli representam um terço da saída líquida registrada no primeiro quadrimestre do ano pela via financeira.

— Houve volatilidade ao longo do ano, mas, se a gente olhar o Ibovespa [principal índice da bolsa brasileira] de ponta a ponta desde o início do ano, a gente tem uma queda de quase 5% — acrescentou.

Estabilidade do Brasil assusta

Para Quartaroli, o fluxo financeiro reflete a decisão de uma parcela do mercado financeiro de migrar seus investimentos para economias mais “seguras”, como os EUA, onde há mais estabilidade e as taxas de juros seguem atrativas.

Ao longo deste mês, o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) decidiu manter os juros entre 5,25% e 5,5%, o nível mais alto em 23 anos. A autoridade monetária dos EUA também sinalizou que as taxas devem permanecer mais elevadas por mais tempo, enquanto o país lida com uma inflação persistente.

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— Os Estados Unidos estão com um nível de juros elevado. É um nível de juros mais baixo do que o nosso (no Brasil). Só que eles têm uma economia menos volátil, então, o fluxo sai daqui e vai pra lá — constata Quartaroli.

Renda fixa
A economista ressalta que questões domésticas com o governo Lula mudando em pouco tempo a meta fiscal, como a política fiscal, também acabam trazendo maior aversão a risco para o investidor estrangeiro. Nesse contexto de grande incerteza, ela vê o investidor tirando seus recursos da bolsa e levando para fundos de investimento e para a renda fixa em busca de mais segurança.

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Em abril, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) propôs uma revisão na trajetória das contas públicas, com meta fiscal zero também para 2025, não mais 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas produzida no país).

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No dia seguinte ao anúncio, a moeda norte-americana chegou a bater R$ 5,281, o maior valor em mais de um ano, com a piora na percepção dos economistas. Também pressionava o dólar a expectativa de um adiamento do corte de juros nos EUA para o segundo semestre e as tensões do conflito geopolítico no Oriente Médio.

Naquele momento, porém o BC preferiu não fazer intervenções no mercado de câmbio. Além da insegurança jurídica causadas pela Suprema Corte que tem atuado em lugar do Congresso em diversas pautas e favorecido pedidos do governo, como a mudança da própria decisão sobre a previdência social para liberar o governo de paga milhões a aposentados.

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