O jornal O Estado de São Paulo questionou a falta de “robustez” do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em um editorial publicado neste domingo (1°) sobre o pacote fiscal anunciado na última semana. No texto, que já no título chama Haddad de “poste de Lula”, o veículo ressaltou que o pronunciamento feito pelo chefe da pasta econômica na última quarta-feira (27) teve um tom meramente “eleitoreiro”.
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– Parece um paradoxo, e é mesmo: um ministro convertido na face visível de um pacote anunciado em rede nacional como se fosse propaganda eleitoral, e ao mesmo tempo porta-voz do resultado de um extenuante esforço da equipe econômica, mas que adquiriu contornos populistas – declarou o jornal.
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Ao longo do artigo, o veículo até tenta relativizar a culpa de Haddad sobre a péssima repercussão do pacote econômico – que levou a uma disparada do dólar a patamares recordes dia após dia ao longo da última semana – como quando diz que ninguém conseguiria “conter o ímpeto eleitoreiro de Lula, que determina todos e cada um de seus passos e de suas decisões”.
Entretanto, o próprio jornal diz que falta a Haddad a “fortaleza similar” a outros nomes que, segundo o Estadão, “ocuparam a mesma cadeira e triunfaram politicamente, como Rodrigues Alves, Getúlio Vargas e FHC”, e “a robustez de homens notáveis que exerceram seu poder à frente da economia de forma quase inquestionável, como Rui Barbosa, Santiago Dantas, Delfim Netto e Mario Henrique Simonsen”.
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O veículo também diz que o que se viu durante o anúncio oficial de cerca de 7 minutos sobre o pacote econômico foi “a fragilidade do ministro da Fazenda” e declarou que o “calvário” de Haddad rumo ao anúncio demonstrou “o isolamento e o esmaecimento da equipe econômica”. Para o jornal, o ministro da Fazenda tem perdido a disputa entre as forças políticas do governo.
Por fim, o jornal destaca que “ninguém duvida que o modo lulista de governar requer bajuladores fiéis, estímulo aos conflitos internos e acenos contraditórios a públicos distintos, conforme as circunstâncias mais convenientes para si”, mas que Lula e o PT têm ignorado o fato de que “ter um ministro da Fazenda confiável e com respaldo do chefe para exercer poder é imprescindível”.
– FHC demitiu amigos para preservar a autoridade de Pedro Malan na política econômica. Delfim era o homem forte de Emílio Médici. Simonsen, o de Ernesto Geisel. É essa sabedoria presidencial que permite ao país distinguir ministros da Fazenda dotados de instrumentos necessários para fazer o que é preciso daqueles que se convertem em meros operadores obedientes dos seus chefes – completou.