Os dados divulgados nesta sexta-feira (9) do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) reforçam o esperado pelo mercado e sinalizado pelos analistas na última leitura: um cenário desafiador para a inflação no curto prazo.
Em abril, o índice subiu 0,43%, indicando uma desaceleração em relação à alta de 0,56% apurada em março. Agora, a inflação acumulada é de 2,48% no ano e de 5,53% em 12 meses. No mês passado, esses números eram de 2,04% e 5,48%, respectivamente.
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Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, destaca que embora o resultado tenha ficado próximo das expectativas da casa, pode-se “tirar duas informações mais negativas da leitura divulgava hoje”.
“Em primeiro lugar, a média das várias medidas de núcleo ficou acima do esperado (0,50% vs. 0,45%)”, diz.
“Adicionalmente, os serviços subjacentes (que podemos entender como o núcleo da inflação de serviços) também ficaram acima do esperado (0,52%), uma vez que registrarem alta de 0,60%”, completa.
Para ele, o IPCA segue reforçando o cenário desafiador para a inflação no curto prazo. Mas, Serrano pondera que não espera que o dado de hoje mude a visão do Banco Central.
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Isso porque, os riscos continuam sendo a inflação de serviços e a de ancoragem das expectativas – pelo lado de alta – e o cenário externo ou uma desaceleração mais forte da atividade economia nos próximos meses – pelo lado de baixa.
“Dessa forma, continuamos a acreditar que o BC não deverá elevar a taxa Selic na reunião de junho, mantendo-a em 14,75% ano a ano no próximo encontro”, finaliza.
Economistas avaliam que apesar da desaceleração em relação a março, o dado ainda mostra resistência dos preços.
Embora o resultado qualitativo tenha vindo pior do que o esperado, com pressões nos serviços subjacentes e nos preços industriais, ambos ficaram acima das projeções da equipe.
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“O número reforça a mensagem do Banco Central de que os juros devem permanecer elevados por mais tempo, não dando suporte às discussões recentes sobre cortes antecipados da taxa Selic”, afirma.
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Economistas afirmam que o dado de hoje trouxe mensagens importantes. Em comparação ao IPCA-15, divulgado há duas semanas, foi observada uma aceleração forte nos bens industrializados, que subiram 0,62% no mês. Essa aceleração está relacionada a múltiplos fatores:
primeiro, pelo reajuste sazonal de vestuário com a entrada de novas coleções, que avançou 1% no mês;
segundo, pelo ‘payback‘ dos descontos oferecidos durante a Semana do Consumidor em março; e,
por último, o efeito defasado da depreciação cambial observada no último trimestre de 2024, que pressionou os custos dos produtores e agora se manifesta nos preços ao consumidor.
Com isso, a pressão sobre os bens industrializados deve permanecer em maio, embora seja esperado uma moderação ao longo do segundo semestre, beneficiada pela apreciação do câmbio neste ano e pela queda nos preços do petróleo.
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“Também destacamos dentro deste grupo a forte alta em itens de higiene pessoal, como perfumes, e em eletrônicos, como computadores pessoais, que subiram 1,2% após retrocederem em março”, destaca.