O presidente Lula e o CEO da Petrobras (PETR4; PETR3), Jean Paul Prates, anunciaram o plano de investir de R$ 6 bilhões a R$ 8 bilhões na Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco. O objetivo é ampliar a capacidade de processamento de petróleo da companhia dos atuais 100 mil barris de petróleo por dia (bpd) para 260 mil bpd até 2028.
Após a notícia, os papéis de PETR4 caem em torno de 1% no pregão na sexta-feira (19). A Rnest é a mais nova refinaria da petroleira, concluída 34 anos depois da Petrobras construir a sua última refinaria de petróleo.
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Mas o que chama atenção mesmo, segundo analistas é o fato de ser um dos principais ativos da Petrobras envolvidos na Operação Lava, o maior escândalo de corrupção dos governos do Partido dos Trabalhadores. Outro ponto também impactante, é que Lula transformou uma divulgação de investimento da Petrobras em Pernambuco em um palanque político próprio. Os investidores não querem seus investimentos sendo manipulados pelo governo para benefício próprio.
Lula também fez acusações sem provas e afirmações falsas no evento que repercutiram até mesmo no governo americano.
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Os fantasmas da corrupção dos governos Lula e Dilma
É um fantasma do passado que talvez mexa negativamente com o humor do mercado”, afirmam analistas
A Rnest começou a operar em 2014, com o trem 1 (primeiro conjunto de unidades) no Complexo Industrial Portuário de Suape. No entanto, o projeto original não chegou a ser concluído.
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“As obras demoraram e custaram muito mais do que o previsto pelos acionistas e nem foram finalizadas. Agora tem que ver se é ‘só’ mesmo uma mudança estratégica da Petrobras e se os pilares da companhia se mantêm intactos“, comentam
De acordo com a gerente executiva de Projetos de Desenvolvimento da Produção da Petrobras, Mariana Cavassin, quando as obras foram paralisadas, a Petrobras já havia investido aproximadamente US$ 18 bilhões na construção do trem 1 da Rnest e de parte do trem 2.
Por que Petrobras quer investir em refino?
Ao investir em refino, o país tende a ser menos dependente de importação. Pensando numa lógica de mercado, sem levar em conta possíveis manobras do governo de influenciar na precificação, isso dá um respiro para o governo Lula quando tivermos eventualmente alguma disparada de preços de combustíveis lá fora. E sabemos o quanto o preço do combustível é relevante para o governo em termos de popularidade eleitoral, de aprovação política.
Na visão dos analistas, isso tende a ser ruim para a companhia, já que o segmento de refino tem margens muito apertadas.
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Para se ter uma ideia, ele conta, o segmento de exploração, em que se estrai petróleo, tem uma margem Ebitda de mais de 60%; dependendo do trimestre pode chegar a 70%, enquanto o segmento de refino fica em torno de 5% de margem.
“A rentabilidade do refino não chega a dois dígitos, é muito menor, e ao mesmo tempo tem uma dificuldade operacional e estratégica muito maior. Demanda uma política comercial muito ágil. E a palavra ‘eficiência’ não combina muito com uma estatal”, afirmam analistas.
O investidor deve ter em relação a essa estratégia da companhia de investir em um segmento pouco rentável em detrimento de outros nos quais tem muito mais expertise, como a exploração do pré-sal. Consequentemente, isso significa menor retorno consolidado para os acionistas.