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Mesmo após a operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro no Complexo da Penha em 29 de outubro de 2025 — o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda não falou pessoalmente com o governador Cláudio Castro. A ausência de diálogo direto entre os chefes dos Executivos federal e estadual escancara uma crise institucional e levanta críticas sobre a postura do presidente diante do narcotráfico que abala o país.

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O que disse o governador

Em entrevista ao jornalista Luiz Bacci, Castro afirmou:

“Não foi ainda, ele não ligou para mim. Quem falou comigo foi o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, e a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann”.

Além disso, o governador revelou que há mais de seis meses tenta ser recebido por Lula para tratar de temas como segurança pública e renegociação da dívida do estado — sem sucesso.

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O silêncio que fala alto

A operação, que visava desarticular o Comando Vermelho, foi classificada como “extremamente violenta” por Lewandowski, ministro de Lula. Lula, segundo o ministro, ficou “estarrecido” com o número de mortos, mas não se manifestou publicamente até dias depois, quando se referiu ao episódio como uma “matança” — sem citar o governador ou propor diálogo. E também, não demonstrou apoio aos familiares do policiais mortos em serviço pelo Estado.

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Essa postura revela não apenas um descompasso institucional, mas também um desprezo político. Castro é opositor declarado do governo federal, e a falta de contato direto sugere que questões partidárias estão se sobrepondo à responsabilidade republicana.

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Lula tem dever com o povo do Rio

Como presidente da República, Lula tem o dever constitucional de zelar pela segurança, bem-estar e articulação federativa de todos os estados — inclusive daqueles governados por adversários políticos. Ignorar o governador do Rio de Janeiro em meio a uma crise com mais de uma centena de mortos é negligenciar o povo fluminense, que vive sob o impacto da violência e da instabilidade.

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A ausência de liderança ativa e diálogo direto enfraquece a capacidade de resposta conjunta entre União e estado, prejudica políticas públicas e alimenta a polarização.

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O pano de fundo financeiro

A crise também tem um componente econômico: o Regime de Recuperação Fiscal do Rio vence em 31 de dezembro de 2025, e sem adesão ao novo programa federal (Propag), o estado pode enfrentar colapso financeiro. Castro depende do apoio de Lula para renegociar a dívida — mas a falta de diálogo compromete essa articulação vital.

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Lula não está ignorando apenas um governador — está ignorando milhões de cidadãos que esperam do presidente mais do que silêncio e cálculo político. Em momentos de crise, a liderança se mede pela capacidade de unir, não de excluir.

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