A semana do mercado financeiro já começa com a guerra no Oriente Médio e as especulações sobre o desenrolar dos fatos e a oscilação do preço do petróleo a cada nova declaração.
O conflito entre Israel e Irã e sua influência altista sobre o preço do petróleo somaram-se às tarifas de Trump, tornando o cenário ainda mais nebuloso para os investidores. A dificuldade estende-se aos bancos centrais, o que acrescenta obstáculos à tomada de decisões de investimento.
O Estreito de Ormuz representa um ponto crítico no comércio global de energia, com aproximadamente 20-30% do petróleo mundial transitando diariamente por essa passagem marítima. A aprovação parlamentar iraniana para o fechamento desta rota comercial, mas quem decide é o Iatolá, vital elevou significativamente as preocupações dos mercados energéticos.
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Mesmo com a agenda repleta de pronunciamentos de autoridades do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA), do Banco Central Europeu (BCE) e do Banco da Inglaterra (BoE) na semana de 22 a 28 de junho, a incerteza deve prevalecer. Embora os temores de recessão tenham se dissipado após indicadores apontarem avanço da economia dos EUA, o risco de baixo crescimento ou de estagnação com inflação elevada continua no ar.
Embora o comunicado que manteve a taxa de juros entre 4,25 % e 4,5 % tenha sido considerado dovish, o presidente do Fed, Jerome Powell, trouxe a incerteza de volta à mesa na entrevista coletiva, ao afirmar que espera elevação da inflação nos próximos meses em razão das tarifas de Trump – ponto reforçado na sexta-feira (20) pelo Relatório de Política Monetária do Fed ao Congresso dos EUA.
O prognóstico não considerava os efeitos inflacionários de uma possível disparada do preço do petróleo diante do acirramento das tensões no Oriente Médio. Assim, os dados do índice PCE da próxima sexta-feira (27), indicador de inflação preferido do Fed, terão caráter mais estatístico e menor relevância para precificação, a não ser que revelem aceleração de preços acima das expectativas. Já a leitura final do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre dos EUA deve apenas confirmar a retração provocada pelas importações antecipadas antes da vigência das tarifas.
No cenário local, a expectativa recai sobre a ata da reunião do Copom que elevou a taxa Selic de 14,75% para 15% ao ano. O documento, a ser divulgado na terça-feira (24) pela manhã, esclarecerá como o colegiado vê a manutenção da Selic em patamar elevado por período prolongado, com possibilidade de retomada do ciclo de alta caso as expectativas de inflação permaneçam desancoradas e o nível de preços não convirja para a meta anual de 3% no horizonte relevante da política monetária (fim de 2026).
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O tom hawkish do comunicado que elevou a Selic afasta, por ora, projeções de corte de juros pelo Copom. Ainda assim, a semana deve estimular o mercado a iniciar a precificação de reduções, com a divulgação de dados do setor externo de maio, da prévia da inflação de junho (IPCA-15) e dos números do mercado de trabalho de maio.
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Indicadores que apontem dinamismo na atividade econômica e no mercado de trabalho, além de perspectiva de desinflação lenta, tendem a postergar as estimativas de início da flexibilização monetária para meados de 2026. Por outro lado, dados que mostrem moderação do crescimento, com a inflação convergindo para o centro da meta de 3% ao ano, podem antecipar as projeções de corte da Selic para o início de 2026.
A política fiscal também terá peso relevante. A dificuldade do Executivo e do Legislativo federais em equilibrar as contas públicas e estabilizar a trajetória da dívida adiciona desafios ao trabalho do Copom de desinflacionar a economia brasileira.
Na segunda-feira (23), o dia começa com PMI industrial e de serviços no Japão, zona do euro e Estados Unidos, além do Relatório Focus aqui no Brasil.
Na terça-feira (24), o mercado analisa de perto a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). A quarta-feira (25) não tem destaques na agenda nacional, com foco em dados do setor imobiliário nos EUA.
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Na quinta-feira (26) tem a prévia do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de junho, além da terceira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano e dados no Japão, como inflação, taxa de desemprego e vendas no varejo.
Para terminar a semana, na sexta-feira (27), confiança do consumidor na zona do euro, IGPM, taxa de desemprego e Caged aqui no Brasil e Índice de Preços para Despesas com Consumo Pessoal (PCE) nos EUA.
Veja a agenda de indicadores entre 23 a 27 de junho (horário de Brasília):
Segunda-feira, 23 de junho
Horário | País | Indicador |
21h30 (domingo) | Japão | PMI Industrial e de Serviços |
5h | Zona do euro | PMI Industrial e de Serviços |
08h25 | Brasil | Relatório Focus |
10h45 | EUA | PMI Industrial e de Serviços |
Terça-feira, 24 de junho
Horário | País | Indicador |
8h | Brasil | Ata do Copom |
8h | Brasil | Confiança do Consumidor |
10h | EUA | Índice de Preços de Imóveis |
11h | EUA | Confiança do Consumidor |
Quarta-feira, 25 de junho
Horário | País | Indicador |
8h | EUA | Índice do Mercado Hipotecário |
9h30 | EUA | Licenças de Construção |
11h | EUA | Vendas de Casas Novas |
Quinta-feira, 26 de junho
Horário | País | Indicador |
9h | Brasil | IPCA-15 |
9h30 | EUA | Pedidos semanais de seguro-desemprego |
9h30 | EUA | PIB |
20h30 | Japão | CPI |
20h30 | Japão | Taxa de desemprego |
20h50 | Japão | Vendas no varejo |
Sexta-feira, 27 de junho
Horário | País | Indicador |
6h | Zona do euro | Confiança do consumidor |
8h | Brasil | IGP-M |
9h | Brasil | Taxa de desemprego |
9h30 | EUA | PCE |
14h30 | Brasil | Caged |