O que muda nos investimentos de renda fixa em 2023. O que exatamente vai acontecer com os investimentos de renda fixa a partir de janeiro de 2023?
Papéis como debêntures (incentivadas ou não), CRIs, CRAs e títulos públicos adquiridos via tesouraria (e não pelo Tesouro Direto) passarão a ser marcados a mercado por bancos e corretoras nas carteiras dos investidores pessoas físicas. Em outras palavras, os extratos de investimentos apresentarão os valores atualizados desses ativos, de acordo com os preços pelos quais estão sendo negociados no mercado.
Com esse processo, o investidor passará a entender melhor quanto vale hoje o título que ele comprou no passado, segundo Luciane Effting, vice-presidente do Fórum de Distribuição da Anbima. Para isso, os extratos de investimentos deverão conter a data da última atualização do preço de cada um dos ativos do investidor.
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É importante lembrar que, embora os preços dos ativos passem a ser atualizados, se o investidor mantiver os papéis na carteira até o vencimento receberá como retorno a taxa de remuneração que foi contratada quando os adquiriu. A nova medida busca apenas oferecer uma possibilidade de acompanhar os preços e verificar se há uma possibilidade de ganho com a saída antecipada do papel.
2) Como isso funciona atualmente?
Atualmente, a maior parte dos bancos e corretoras atualiza os preços dos investimentos de renda fixa com base na chamada “marcação na curva”.
A diferença está na taxa utilizada no cálculo. Um título marcado na curva tem seu valor atualizado todo dia pela mesma taxa contratada pelo investidor no momento da aquisição do papel.
Se o investidor adquiriu um CRA que oferece retorno de 13% ao ano, por exemplo, todos os dias a corretora aplicará essa taxa sobre o valor investido para informar quanto o papel vale no momento. Esse tipo de marcação costuma fazer sentido para investidores que desejam resgatar o valor aplicado apenas no vencimento.
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Agora, com a marcação a mercado, o movimento será diferente: a atualização do valor será realizada a partir da taxa que estiver sendo negociada no mercado para aquele investimento no dia. Essa taxa normalmente deve mudar todos os dias.
3) A marcação a mercado valerá também para papéis bancários, como os CDBs?
A mudança não engloba Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) e Imobiliário (LCIs), que seguirão com a marcação na curva que é feita hoje.
Segundo Luciane, da Anbima, a explicação está no fato de que esses títulos são emitidos por instituições financeiras que garantem a recompra dos papéis com base na marcação na curva.
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Já no caso de CRIs, CRAs e debêntures, a empresa emissora não recompra o papel quando o investidor deseja. Ele precisa encontrar outro investidor disposto a pagar pelo papel no mercado secundário caso queira se desfazer dele.
4) Já existem investimentos de renda fixa marcados a mercado pelos bancos e corretoras atualmente?
Os títulos públicos adquiridos por meio do Tesouro Direto são marcados a mercado. Assim, quando o mercado precifica uma alta na curva de juros, por exemplo, a tendência é de que as taxas dos títulos públicos subam. Como consequência, o valor dos papéis recua.
O contrário também é verdadeiro: se as projeções para a Selic recuam, as taxas oferecidas nos títulos públicos caem – e os preços avançam.
Além dos títulos do Tesouro Direto, fundos que investem em ativos de crédito também marcam a mercado, nas suas carteiras, papéis como CRIs, CRAs e debêntures.
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A nova regra deve equalizar a compra de ativos individuais por meio das corretoras com as práticas já adotadas na indústria de fundos de renda fixa.
5) Para quais investidores a marcação a mercado será aplicada?
Segundo a nova regra da Anbima, investimentos feitos por pessoas físicas precisarão ser marcados unicamente a mercado, e não mais na curva.
Já os investidores qualificados – que contam com mais de R$ 1 milhão em aplicações financeiras – poderão escolher se preferem a marcação a mercado ou na curva. Se optarem pela marcação na curva, terão que formalizar esse pedido junto à corretora.
6) Como será realizado o cálculo do valor atualizado dos investimentos de renda fixa?
A maior parte das corretoras vai usar como referência os dados apurados pela Anbima. A entidade realiza uma coleta de preços todos os dias logo cedo, quando as instituições associadas enviam as cotações pelas quais os papéis estão sendo negociados no mercado, da mesma forma como acontece com os títulos públicos.
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Depois de receber esses dados, a Anbima analisa os valores e verifica se há números muito discrepantes entre os diferentes bancos e corretoras. Em seguida, estabelece um preço de referência, disponibilizado no Anbima Data, um sistema que pode ser acessado por todos.
Segundo as corretoras, as taxas dos CRIs, CRAs e debêntures têm como base os dados publicados pela associação no dia útil anterior (D-1, no jargão financeiro).
7) O que a Anbima leva em conta na hora de estabelecer o valor dos papéis?
De acordo com Luciane, a associação analisa as mesmas informações que o mercado em geral. Ou seja, verifica se o papel possui liquidez e avalia os últimos preços de negociação para entender quanto os agentes financeiros estão dispostos a pagar pelo título. Também são verificadas as características do emissor, como o risco de crédito.
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8) Com que frequência os títulos de renda fixa serão marcados a mercado pelos bancos e corretoras?
A norma da Anbima determina que as casas precisam marcar os papéis a mercado pelo menos uma vez por mês.
Segundo Luciane, a razão é que os investidores que compram papéis desse tipo não costumam negociá-los todos os dias. “O prazo de atualização, de 30 dias no máximo, é suficiente para o investidor ter uma noção de quanto ele está valendo”, explica. Porém, a maior parte das corretoras fará o cálculo dos preços diariamente.
9) Algumas corretoras já oferecem tanto a marcação a mercado quanto a marcação na curva para os investidores. O que muda nesse caso?
A diferença a partir de janeiro de 2023 é que todos os distribuidores passarão a oferecer a marcação a mercado, o que deve incentivar os investidores a girar a carteira antes do vencimento dos investimentos de renda fixa – o que poderá ajudar o mercado a ter mais negociações e uma formação de preços mais precisa.