Resultado da Minerva e BRF movimentam ações. Entenda o movimento. Em se tratando da Minerva, “a divisão brasileira foi o principal destaque, com aumento de 46% na receita bruta (4% acima da nossa estimativa) devido às sólidas melhorias nos volumes de exportação”, afirma o Itaú BBA. “A frente internacional também apresentou resultados positivos, com expressivos aumentos de preços na Argentina e no Uruguai e com aumento sequencial de volumes no Paraguai”.
O frigorífico viu seu total de abates crescer 19,2% no ano e 18,5% no trimestre, chegando a 1,03 milhão de tonelada. A receita líquida, por sua vez, avançou 34,7% e 17,2%, nas mesmas comparações, chegando a R$ 8,4 bilhões.
Ações da C&A disparam após resultados
O Bank of America destaca ainda que Ebitda da Minerva, de R$ 778 milhões, foi acima das expectativas, com a margem, de 9,2%, subindo 50 pontos-base. “Reflete uma melhor disponibilidade de gado em alguns países, principalmente no Brasil, bem como maiores exportações para China, EUA e Europa”, explicam.
A mudança de ciclo de gado foi algo que os executivos da companhia atestaram estar presenciando durante a teleconferência de resultados. Sendo que a Minerva tem ainda uma percepção otimista da demanda por gado no mundo, principalmente para a provinda da China, com o preço da carne bovina sustentando seus preços a despeito do recuo de outras proteínas.
De qualquer forma, a Minerva pretende continuar diversificando seu portfólio, buscando novos mercados. “Existe um plano de negócios, um olhar estratégico, para crescer na Colômbia e Austrália. Isso continua. Devemos dar passos pontuais em M&A, a exemplo do que fizemos na Colômbia, mas sem comprometer o balanço. Temos gerado caixa livre, advindo das operações, e a ideia é usar esse capital para eventualmente dar passos em fusão e aquisições”, explicou Fernando Queiroz, CEO da Minerva.
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Por outro lado, as ações ordinárias da BRF (BRFS3) e da Minerva (BEEF3) tomaram caminhos opostos nesta quinta-feira (11), após as duas companhias, focadas na produção de proteínas, divulgarem seus balanços do segundo trimestre de 2022 e realizarem teleconferências com analistas. Enquanto em dado período os papéis da primeira caíam 12,60%, a R$ 15,17, os da segunda avançavam 7,39%, a R$ 13,65.
Desta forma, um dos motivos apontados é que, após a BRF registrar uma queda de produção no primeiro trimestre, com a companhia ajustando seus volumes a uma menor demanda, o mercado esperava que ela traria uma aumento dos volumes, o que não ocorreu.
A BRF teve um prejuízo líquido de R$ 468 milhões no segundo trimestre de 2022, número 94,9% maior do que o prejuízo de R$ 240 milhões do mesmo período de 2021. Por outro lado, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado, da ordem de R$ 1,368 bilhão, foi destacado como um ponto positivo por algumas casas, como o Bradesco BBI, uma vez que foi 11% acima do consenso. Porém, o dado não foi suficiente para animar o mercado após o balanço e as ações caem forte.
Resultado do Banco do Brasil surpreende e ações saltam
O JPMorgan afirmou que do lado negativo, além do cenário desafiador para Brasil, que o gasto com juros foi considerável e que a dívida líquida cresceu R$ 1,7 bilhão na base trimestral. Os ajustes contábeis da hiperinflação na Turquia foram inesperados e impactaram o Ebitda em R$ 142 milhões.
E ainda, o banco americano mencionou antes da abertura dos mercados, que a queda das ações poderia acontecer dados os números apresentados também levando em conta que a companhia tinha acumulado uma forte alta recentemente.
No segmento Brasil, a empresa negociou 547 mil toneladas, queda de 4% no ano e de 0,3% na base trimestral. No internacional, a companhia atingiu um volume negociado de 478 mil toneladas, com queda de 4,2% na base anual mas alta de 1,9% na trimestral.
Contudo, os analistas são unânimes em afirmar que volume de carne Halal vendido foi de 195 mil toneladas, alta de 13,4% no ano e de 9,2% no trimestre, e salvou o resultado do frigorífico.
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O Itaú BBA acredita que o pior “parece ter passado”, mas que o destaque ficou para a carne voltada ao mercado árabe, que impulsionou o segmento internacional da BRF.
De maneira geral, analistas destacaram que, apesar do bom resultado, falta também “clareza para os próximos trimestres”, com o plano de reestruturação ainda em andamento.