Quem vai ao mercado conhece a regra na maioria das grandes cidades pelo mundo: se você não levar sua própria sacola, tem que pagar por uma de plástico. Isso porque, em vários lugares do Brasil, para evitar o uso indiscriminado dos saquinhos, há leis relativamente recentes que permitem aos estabelecimentos cobrar por eles.
AINDA: Lei Rouanet transfere quase R$ 6 milhões para exposição
A justificativa para a nova “moda” de cobrar pelas sacolas de supermercado veio pautada na bandeira da proteção ambiental. Algo que cada vez mais está sendo contestado pela sociedade. Na maioria dos casos as sacolas de supermercado viram sacos para retirar os lixos das casas, o que é economia na compra e também tempo de decomposição do saco de lixo que serve apenas para esta função, enquanto a sacolinha de supermercado teria mais utilidade.
Novas evidências, porém, mostram que a cobrança da sacola, quando adotada em outras partes do mundo, teve o efeito contrário.
Um estudo recente sobre as políticas de restrição ao uso de sacolas plásticas no sul dos EUA revelou que, embora a intenção fosse reduzir o impacto ambiental, os comportamentos que essa norma tentou evitar persistiram ou até pioraram após a adoção da medida.
]VEJA: “Brasil coloca imposto demais, vamos retribuir”, afirma Trump
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo pelo telegram Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News: Clique aqui. Acompanhe-nos pelo Canal do Whastapp. Clique aqui.
SAIBA: Crise da moeda e economia no Brasil repercuti na imprensa internacional
Os pesquisadores, liderados pelo professor Hai Che da Universidade da Califórnia em Riverside, descobriram que, após certas cidades proibirem a distribuição gratuita de sacolas plásticas nos estabelecimentos comerciais, a demanda por sacos de lixo aumentou.
Além disso, essa demanda não voltou a cair mesmo em lugares em que a cobrança nos mercados foi revogada: uma vez adquirido o hábito de se comprar sacos de lixo, é muito difícil a população abandoná-lo. O artigo foi publicado no Journal of Marketing Research.
Por exemplo, em Dallas, a cidade impôs uma taxa de 5 centavos de dólar por sacola plástica descartável ao longo de cinco meses, em 2015, antes de revogar a medida devido a processos judiciais de fabricantes de sacolas. Após a revogação, as vendas das sacolinhas diminuíram abruptamente, mas voltaram aos níveis anteriores após 13 meses.
LEIA: O FGC seguro da renda fixa gera preocupação no mercado e no
Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo pelo telegram Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News: Clique aqui. Acompanhe-nos pelo Canal do Whastapp. Clique aqui.
MAIS: Lula é “amigo do especulador, mas se diz pai dos pobres”
Já em Austin, onde houve uma proibição das sacolas plásticas entre 2013 e 2018, os efeitos da política persistiram por 18 meses após sua revogação, com as vendas de sacolas ainda 38,6% superiores aos níveis pré-políticas ao final do estudo.
“Esperávamos efeitos colaterais positivos, como clientes mais conscientes do ponto de vista ambiental e que consomem menos produtos de plástico ou papel descartáveis”, disse Che, em release da universidade. “Mas não foi isso que aconteceu nos dados. Para avaliar o impacto ambiental, os pesquisadores realizaram uma “análise de ponto de equilíbrio”, que calculou quantas sacolas plásticas descartáveis os consumidores precisariam deixar de usar para compensar o aumento na compra de sacos de lixo gerado pela política. Isso ajudou a determinar se, no final das contas, as políticas realmente resultaram na redução do desperdício de plástico.
LEIA: Brasileiros pagam recorde de impostos em 2024 com alta de mais…
“O efeito na poupança dos sacos de plástico pode até ser positivo, mas não de fato relevante, mesmo após a revogação. Seriam necessárias apenas reduções modestas no uso de sacolas de compras para atingir o ponto de equilíbrio, sugerindo um resultado favorável para o meio ambiente”, escrevem os autores na pesquisa.
Apesar disso, as políticas de restrição provavelmente também causaram mudanças positivas no comportamento dos consumidores, como a adoção de sacolas reutilizáveis de tecido para as compras do dia a dia, embora esses dados não estivessem disponíveis para os pesquisadores.
AINDA: Com risco de insolvência Correios patrocina evento até em Bogotá sob Lula
“Embora o nosso estudo se tenha centrado nos sacos de plástico, efeitos colaterais semelhantes foram documentados em políticas que visam bebidas açucaradas, eficiência energética e incentivos à saúde”, disse Che.
“Em cada caso, os comportamentos que não foram diretamente visados pela política – como comprar mais produtos açucarados quando os refrigerantes são tributados – podem compensar ou mesmo minar os objetivos principais da política.”