Safra anuncia compra do segundo Banco em uma semana. Menos de uma semana após anunciar a compra do banco Alfa no Brasil por R$ 1 bilhão, o Grupo J. Safra fechou um acordo para adquirir outro ativo dos herdeiros do banqueiro Aloysio de Andrade Faria, o Delta National Bank, com sede em Nova York. O negócio reforça o apetite do conglomerado por clientes latino-americanos endinheirados em meio à ofensiva de bancos brasileiros nos Estados Unidos, com foco no público de alta renda. O valor financeiro da transação não foi revelado.
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O negócio nos EUA foi mantido pelos antigos donos do Banco Real assim como a operação de atacado no Brasil, com foco em empresas e no público de alta renda, a despeito da venda do varejo bancário – incorporado pelo ABN e, posteriormente, vendido ao Santander Brasil, no passado. Agora, o banco em NY mudará de mãos para o Safra, seguindo o mesmo destino do conglomerado no Brasil.
A operação já era negociada entre as famílias Safra e Faria em paralelo à venda do banco Alfa no Brasil. Embora sejam instituições diferentes, com operações em seus respectivos países, havia um entendimento de que o comprador do negócio no País também arremataria o ativo nos EUA. Conforme anunciou o Estadão.
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Fundado em 1986, o Delta National Bank tem foco no segmento Private. Na ocasião, os donos do então Banco Real obtiveram duas licenças para operar no mercado norte-americano e criaram o Delta National Bank and Trust Company of New York e o Delta National Bank and Trust Company of Florida. Anos depois, os negócios foram consolidados e deram origem ao Delta National Bank e Trust Company, com sede em Nova York e filial em Miami.
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A transação ocorre em meio à ofensiva de bancos brasileiros nos EUA nos últimos anos. O Bradesco anunciou recentemente um investimento de mais US$ 230 milhões (cerca de R$ 1,2 bilhão) para acelerar o seu crescimento em território norte-americano, dois anos após comprar o BAC Florida, com sede em Miami e que passou a se chamar Bradesco Bank. Em paralelo, o rival Itaú Unibanco também centralizou seus negócios norte-americanos na região, em busca de maior expansão enquanto o Banco do Brasil desistiu de se desfazer de sua operação nos EUA.
A expectativa é de que a transação seja concluída no primeiro semestre de 2023, a depender de aprovações dos órgãos reguladores responsáveis. Com US$ 300 bilhões em ativos, o Grupo J. Safra tem unidades em São Paulo, no Brasil, em Nova York, nos EUA, e em Basileia, na Suíça.
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Banco Safra já esteve sob investigação de compra de medidas provisórias
Em 2016, a comissão parlamentar de inquérito (CPI) investigou suspeitas de favorecimento a empresas devedoras da Receita Federal nos julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e na terça-feira (26) de abri daquele ano aconteceu a convocação dos presidentes do Banco Safra, Joseph Safra, e da Mitsubishi Motors do Brasil, Robert Rittscher, e de mais dois outros executivos ligados a esses grupos: João Inácio Puga, do Conselho de Administração do banco, e Paulo Arantes Ferraz, ex-presidente da montadora.
Além dos quatro executivos, foram convocadas para depor na CPI 16 pessoas já denunciados na Justiça. entre as quais os advogados Mauro Marcondes Machado e Cristina Mautoni Marcondes, sócios da Marcondes e Mautoni (M&M), suspeitos de envolvimento no esquema de venda de medidas provisórias.
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A convocação do banqueiro Joseph Safra foi a única que causou polêmica na CPI, a ponto de ser necessário fazer a votação nominalmente, a pedido do deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA), que se declarou contra a vinda do banqueiro, que é réu da Operação Zelotes, que investiga o Carf. “Entendo a importância das empresas para o país. Inclusive fui informado de que o senhor Safra mora na Suíça. Imagina ter de convocá-lo [para depor]… Além disso, o denunciante [procurador da República Frederico de Carvalho Paiva, responsável, no Ministério Público, pelas investigações da Zelotes] nem sabia qual era o cargo dele [Safra] no banco”, argumentou Aleluia.
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Feita a votação, a convocação foi aprovada com 12 votos a favor e dois contra. Hildo Rocha (PMDB-MA) também votou contra a convocação do banqueiro, enquanto Covatti Filho (PP-RS) e Pedro Fernandes (PTB-MA) abstiveram-se.
A lista de convocados nesta terça-feira pela CPI inclui ainda o ex-presidente do Carf Edison Pereira Rodrigues; o ex-vice-presidente da 1ª Turma do conselho José Ricardo Da Silva e seu pai, Eivany Antônio da Silva; e Lutero Fernandes do Nascimento, assessor direto de Otacílio Dantas Cartaxo (ex-presidente do Carf, que já teve seu requerimento de convocação aprovado pela CPI). Foram convocados ainda os ex-conselheiros Meigan Sack Rodrigues, Guilherme Pollastri Gomes da Silva, Jorge Victor Rodrigues, Paulo Roberto Cortez e Nelson Mallmann (que é também ex-auditor-fiscal da Receita Federal); os servidores da Receita Federal Eduardo Cerqueira Leite e Jeferson Ribeiro Salazar, que, além de auditor fiscal aposentado da Receita Federal, é ex-auditor fiscal do Tesouro Nacional.
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Completam a lista a ex-secretária executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex) Lytha Spíndola, que foi também assessora especial do gabinete da Casa Civil, e os advogados Halysson Carvalho Silva e Eduardo Gonçalves Valadão. Todos são suspeitos de participar de negociações ilícitas para aprovação de medidas provisórias