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O mercado financeiro brasileiro foi surpreendido recentemente com a declaração do CEO do Santander Brasil (SANB11), Mário Leão, que não descartou a possibilidade de a instituição fechar seu capital no país. Durante reunião com investidores e analistas, o executivo afirmou que “não se surpreenderia caso o grupo optasse por fechar o capital” da subsidiária brasileira, alimentando especulações que já circulavam no mercado.

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Esta possibilidade ganha força em um contexto onde o Santander já adotou estratégia semelhante em outras regiões, como no México, onde concluiu o fechamento de capital em 2023. O movimento também se alinha com outras ações recentes do grupo espanhol, como a redução de sua participação no Santander Polônia para apenas 13%, após vender 49% do Santander Bank Polska e 50% da gestora de ativos Santander TFI ao Erste Group Bank da Áustria. O Banco tem estado voltado para economias mais seguras juridicamente e estáveis.

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Motivações para o possível fechamento

Analistas da Genial Investimentos apontam três principais fatores que tornariam atrativo o fechamento de capital do Santander Brasil:

  1. Valuation descontado: O Santander Brasil negocia a 8,5x P/E (preço sobre lucro) para 2024 e 7,3x P/E para 2025, com 1,16x P/VP (preço sobre valor patrimonial) para 2025, valores abaixo dos múltiplos da holding espanhola.
  2. Potencial de geração de valor: O Santander Espanha negocia a 9,3x P/E 2024 e 8,1x P/E 2025, o que tornaria a transação acretiva em lucro por ação para o controlador.
  3. Baixo custo para o controlador: O free float (ações em circulação) representa apenas 10% do capital, equivalente a aproximadamente R$ 11,2 bilhões (US$ 2 bilhões), montante considerado viável dada a atual geração de caixa do grupo.

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Outro fator relevante é o cenário político brasileiro, com as eleições presidenciais de 2026 se aproximando. Há expectativa de valorização das ações brasileiras com a provável entrada de um novo governo no Brasil.

O esvaziamento do mercado acionário brasileiro

O caso Santander não é isolado, mas parte de uma tendência preocupante de esvaziamento do mercado acionário brasileiro. Nos últimos anos, o número de empresas listadas na B3 tem diminuído consistentemente, com mais operações de fechamento de capital do que aberturas.

Em 2024, 14 empresas deixaram a bolsa brasileira, incluindo Alper, Neumarkt, Brazilian Finance e Real Estate, entre outras. Desde o pico de 463 empresas listadas alcançado durante a pandemia, o número caiu para 421 em fevereiro de 2025, uma redução de 42 companhias durante o terceiro mandato de Lula. Mais alarmante ainda é o fato de que, pelo terceiro ano consecutivo, a B3 não registrou nenhuma abertura de capital (IPO).

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Diversos fatores contribuem para este cenário, como o valor baixo das ações, o real depreciado (que torna ativos brasileiros mais baratos para estrangeiros) e a falta de incentivos para permanência no mercado aberto. Segundo Gustavo Rugani, sócio do escritório Machado Meyer, esta é a primeira vez em 20 anos que ele vê uma entressafra tão longa para listagens: “O cenário favorece mais o fechamento do que a abertura [de capital]. É um ciclo perverso”.

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Impactos e perspectivas

O possível fechamento de capital do Santander Brasil, um dos principais bancos do país, enviaria um sinal negativo ao mercado e poderia acelerar o movimento de outras empresas na mesma direção. Este esvaziamento do mercado acionário brasileiro tem consequências graves para a economia brasileira, reduzindo as opções de investimento, diminuindo a liquidez e prejudicando o financiamento de longo prazo para as empresas.

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O caso Santander Brasil é emblemático de uma crise mais ampla que afeta o mercado de capitais brasileiro. Não se trata apenas de uma decisão corporativa isolada, mas de um sintoma de problemas estruturais que incluem o esvaziamento do mercado acionário nacional.

O mercado aguarda com atenção os próximos passos do Santander Brasil, que poderão servir como termômetro para o futuro do mercado acionário nacional.

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