Selic em Queda Qual melhor Opção?
Para quem se aproveitou com a meta Selic a 14,25% ao ano. Agora a realidade parece começar a mudar. Após três reuniões do Copom a Selic já está a 13% ao ano e tudo indica que irá cair ainda mais. Com base em uma conjuntura de queda da Selic como avaliar as opções de investimento?
O tesouro Selic é um investimento de renda fixa bastante interessante para uma reserva de emergência. Mesmo com a queda da Selic este investimento continua se mantendo atrativo. Isto porque a inflação e a Selic são diretamente proporcionais, ou seja, se uma cai a outra também cai.
E isto nos faz concluir que com uma inflação mais baixa o rendimento real do tesouro Selic fica maior. Isso porque para encontrar o rendimento real você deve subtrair a inflação do valor da Selic.
Selic ou Poupança?
Se formos comparar este investimento com a poupança é importante lembrar das 2 regras de rendimento da poupança. Quando a Selic é maior que 8,5% ao ano, a rentabilidade é TR + 0,5% ao mês. Já se a Selic for menor ou igual a 8,5% ao ano, a rentabilidade é TR + 70% da Selic. A taxa referencial (TR) é historicamente um valor bem baixo, quase sempre inferior a 2% e muitas vezes até menor de 1% ao ano.
A taxa referencial é calculada com base na média dos CDBs/RDBs prefixados oferecidos pelos bancos em cada mês. Portanto, em período de juros altos, a TR tende a ser mais alta e o contrário também é válido.
Historicamente a Selic na maior parte do tempo se mantem acima do IPCA e da Poupança. Por esta questão na maioria dos casos, mesmo em baixa a Selic pode ser uma boa opção. É claro que sempre precisamos observar as taxas e impostos que incidem no investimento. Já a poupança não tem nenhum tipo de imposto ou taxa.
O que dizer sobre os investimentos indexados ao CDI
O CDI também é bastante usado para reserva de emergência. É importante sempre avaliar qual será o valor pago pelo banco e o prazo. Os bancos maiores normalmente oferecem taxas menores, atualmente em torno de 80% do CDI ao ano. Este bancos permitem que você saque o investimento quando quiser.
Já os bancos menores pagam valores mais atrativos atualmente até 114% do CDI. No entanto, determinam um prazo para o investimento e não permitem sacar antes do vencimento.
É fundamental saber que o CDI acompanha de perto a taxa Selic, ficando sempre um pouco abaixo dela. Portanto se a Selic tem previsão de baixa o CDI também terá. Assim qualquer título que estiver atrelado ao CDI também terá seu rendimento reduzido seguindo a Selic.
E a inflação é um indexador interessante com a queda da Selic?
Como já mencionado acima o foco principal em baixar a taxa Selic é reduzir a inflação. Portanto, se a Selic baixa a inflação também baixa. A rentabilidade nominal de títulos atrelados ao IPCA ou IGPM também cairá. Porém, a rentabilidade real será maior, pois a inflação terá menos impacto sobre seu dinheiro.
Nesses períodos de inflação alta, surgem mais oportunidades de encontrar títulos que paguem uma taxa prefixada alta além da correção da inflação, garantindo uma rentabilidade ainda melhor. Em 2016 chegamos a ver o Tesouro IPCA+ com taxas de IPCA + 7,8%. Atualmente, essa parte prefixada está na faixa de 5,5%. Quem comprou com as taxas de 2016 conseguiu uma excelente rentabilidade acima da inflação.
É importante entender que a taxa de rentabilidade e o preço dos títulos são inversamente proporcionais. Por exemplo, um Tesouro IPCA+ com taxa de 7,8% pode custar R$700, enquanto o mesmo título a 5,5% poderia custar R$1.100 (valores apenas para exemplificar).
Isso significa que, quanto maior a taxa, menor o preço. Então, quando a taxa cai, o seu título se valoriza. Se você levar até o vencimento, receberá exatamente a rentabilidade do momento da compra, não importando as oscilações no período.
No Tesouro Prefixado, as regras são as mesmas. Portanto, se você comprar o título pagando 11% ao ano, receberá exatamente essa rentabilidade se mantiver até o vencimento. Carregando até o vencimento, você nunca terá rentabilidade nominal negativa, ou seja, seu dinheiro sempre será maior do que o investido.
No entanto, caso a inflação anual nesse período supere os 11%, sua rentabilidade real será negativa, porque significa que o seu dinheiro já não tem o mesmo poder de compra. O que você conseguia comprar antes, já não consegue hoje, mesmo que seu dinheiro tenha se valorizado. Isso porque a inflação faz com que os preços de produtos e serviços suba mais do que a valorização que você teve.
E os títulos prefixados valem a apena?
Estes títulos travam uma rentabilidade anual em determinado patamar. Isso faz com que quanto mais cair a inflação, maior será sua rentabilidade real, ao contrário dos outros títulos que estão sempre atrelados à economia de alguma maneira. No entanto, o risco do prefixado é de você travar uma rentabilidade e a inflação chegar próxima desse valor ou até mesmo ultrapassá-lo.
Em 2013 comprei títulos prefixados com rentabilidade de 16,5% ao ano. Foi um ótimo achado, no entanto, com a queda da inflação o rendimento real será melhorado em muito. Mas caso haja uma grande alta da inflação meu rendimento será reduzido, como ocorreu em 2015 que a inflação chegou a 10,67% ao ano.
Os títulos prefixados tem um caráter mais especulativo e precisa-se tomar muito cuidado. Os títulos Tesouro IPCA+ e Tesouro Prefixado sofrem marcação a mercado oscilando até a data de vencimento. É nessas oscilações que você pode ter um lucro maior antecipadamente ou mesmo ter prejuízo.
Normalmente, os ciclos de alta e baixa de juros levam anos. Em 2016 foi um período de transição, onde conseguimos ver títulos com rentabilidades muito altas e que agora já estão bem mais baixas. Em um país onde tudo é possível em um omento de grande incerteza. É impossível saber o que ocorrerá de 2018 em diante. Por esta razão o risco dos prefixados fica ainda maior.
Em um próximo material estaremos tratando da renda variável e da possibilidade de se especular com as variações no Tesouro Direto. Sempre que for avaliar seus investimentos não se esqueça de levar em conta o que pagará de taxas administrativa, imposto de renda entre outras.