Com votação por celular Câmara aumenta os próprios salários e de Lula. Sem alarde, sem comunicação prévia, num momento em que o Congresso Nacional vive dias tenebrosos e tanto discursa sobre a importância de “alimentar a população”.
Os deputados resolveram aumentar seus próprios salários, nesta terça-feira, 20. Todos os partidos orientaram a favor, com exceção do Novo e do Psol. O pedido de urgência para votar o reajuste na própria terça, foi aprovado por 348 votos a 45. O plenário, contudo, estava vazio, porque os deputados puderam votar on-line desde a pandemia, mas para esta sessão até mesmo o voto por celular foi liberado.
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O reajuste afeta todos os servidores federais: Congresso Nacional, Ministério Público Federal e Tribunais Superiores, por exemplo. Foram 11 projetos de aumento de remunerações em sequência, com análise relâmpago.
Os deputados vão ganhar aumentos graduais e chegarão ao final do mandato, em 2026, com valor de R$ 46 mil — 40% a mais do que recebem hoje. Foi incluído ainda um auxílio-mudança no valor de R$ 50 mil, mesmo para quem se reelegeu e seguirá em Brasília.
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Em seguida, outro requerimento de urgência foi aprovado para reajustar a remuneração do presidente da República, vice e ministros. O placar foi de 295 votos a favor contra 102.
O salário de ministro do Supremo Tribunal Federal também chegará a R$ 46 mil. O efeito cascata só para o Judiciário será de R$ 13 bilhões.
“Sempre fui servidora pública. Esse é um momento absolutamente inoportuno. Urgência para reajustar salários? O país está pegando fogo”, disse Bia Kicis (PL-DF). “Deveríamos estar aqui tentando defender a Constituição e salvar o motivo pelo qual fomos eleitos, porque o STF está legislando por nós.”
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“É um aumento para a elite do funcionalismo. Duvido que alguém grave um vídeo agora para explicar isso para a população. Avisaram que iriam votar faltando meia hora para começar a sessão”, afirmou o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG).
Em suas mídias sociais o deputado federal Marcel Van Hatten escreveu:
“Observem a incoerência das votações do Parlamento brasileiro neste final de ano: a PEC do Lula prevê um rombo no teto de gastos de quase R$ 200 bilhões, pois não há dinheiro para ampliação de gastos sociais; ao mesmo tempo, a Câmara vota hoje a toque de caixa aumento salarial para diversas categorias do serviço federal e Lula diz que ampliará o número de ministérios de 23 para 37. Total incoerência! De um lado se fala que não tem dinheiro, de outro aprova-se às pressas a ampliação de gastos.
É preciso mais seriedade desse Parlamento, dos governantes. É tudo tão escandaloso que os deputados não querem votação nominal. Espero que, pelo menos, meus colegas assumam cada um dos seus votos”.
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De última hora, após acordo de líderes e às vésperas do Recesso, a Câmara vai votar uma série de AUMENTOS DE SERVIDORES. Absurdo ⚠️
Iniciei meu mandato lutando CONTRA O AUMENTO DOS POLÍTICOS E DA ELITE DO FUNCIONALISMO. Terminarei da mesma forma. Não há espaço pra isso agora!
— Vinicius Poit (@ViniciusPoit) December 20, 2022