Incertezas do governo Lula fazem Santander cortar preço-alvo de construtoras. O Santander cortou o preço-alvo das principais construtoras de sua cobertura e diz ter muitas razões para uma visão cautelosa sobre o segmento de média renda para 2023, no primeiro do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
LEIA TAMBÉM: Haddad negocia moeda única com Argentina e destruição do Real
Para os analistas Antônio Castrucci, Fanny Oreng e Matheus Meloni, na construção civil, uma combinação de baixa confiança de empresas e consumidores pode levar a níveis de lançamentos e pré-vendas abaixo do esperado para nomes de média renda cobertas pelo Santander.
Com isso, os analistas revisaram para baixo os preços das ações de: MRV (MRVE3), de R$ 19 para R$ 15; Tenda (TEND3), passando de R$ 9 para R$ 5,40; Cyrela (CYRE3), de R$ 22 para R$ 21; Moura Dubeux (MDNE3) de R$ 9,50 para R$ 9; Eztec (EZTC3), de R$ 25,50 para R$ 21,50; Even (EVEN3), caindo de R$ 8,50 para R$ 5,40; e JHSF (JHSF3), de R$ 10 para R$ 8.
ENTENDA: Prerrogativa de ditadura são os presos políticos, Brasil tem mais de 7 atualmente
Cenário é muito preocupante
A equipe Santander avalia que um aumento na quantidade de projetos de baixo desempenho sendo entregues tem potencial para pressionar preços em algumas regiões.
Além disso, um aumento adicional nos custos de hipoteca, à medida que bancos se aproximam dos 80% dos recursos da poupança alocados no financiamento habitacional. Isso depois de dois anos de forte nível de financiamento a taxas atrativas.
Reiteramos nossa preferência por construtoras de baixa renda. Isso devido à demanda estrutural reprimida associada ao elevado déficit habitacional e formação familiar robusta”, diz a equipe.
LEIA MAIS: 3R Petroleum anuncia reestruturação e ações sobem
Entretanto, a preferência por construtoras de baixa renda pelo Santander depende de melhorias na acessibilidade ao crédito após mudanças no programa Casa Verde e Amarela (CVA), desde julho de 2022, e que ainda não se tornaram totalmente efetivas
Apesar do corte de preço-alvo da MRV, o Santander reiterou a recomendação de compra acreditando que a construtora mineira é uma das empresas que podem “se beneficiar ao máximo” de melhorias adicionais no programa CVA feitas no final do governo Bolsonaro, agora rebatizado pelo governo Lula de Minha Casa Minha Vida (MCMV).
VEJA AINDA: Prates terá de explicar sua ligação com empresas de consultoria de Petróleo para a diretoria da Petrobras
Sobre a Tenda, uma das principais do segmento de baixa renda, o Santander prefere avaliar os resultados do quarto trimestre e o consolidado do ano. Até lá, as ações seguem com recomendação neutra. Em relação ao corte da Cyrela, a instituição também manteve a recomendação de compra e a preferência no setor de média/alta renda.
ENTENDA: Controle do preço de grãos é anunciada pelo governo Lula
A Even, por sua vez, teve sua recomendação rebaixada de compra para neutro diante uma potencial revisão de lucros, para negativo, em meio ao seu maior nível de estoques, maior exposição a projetos fracos, além da potencial desaceleração de lançamentos.
Em contrapartida, a Cury (CURY3) teve elevação de preço-alvo, passando de R$ 16 para R$ 18. Ao lado da Direcional (DIRR3), é a construtora preferida do banco. Segundo os analistas, a construtora vem registrando forte crescimento de ganhos e potencial para expansão do retorno sobre o patrimônio líquido, além da forte execução.
SAIBA TAMBÉM: Presidente do BB anunciada por Lula “nunca viu uma operação de crédito na vida”, afirma economista
“Não devemos ignorar o potencial para revisões de ganhos positivos de 2023 em diante para a Cury, que deve melhorar ainda mais com a acessibilidade para as faixas de renda mais baixa”, diz.