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AGU abre investigação contra jornalista que pede investigação sobre causas de tragédia no Sul. O advogado-geral da União, Jorge Messias, disse na noite de domingo, 10, ter determinado que a Procuradoria Nacional de Defesa da Democracia faça “a imediata instauração de procedimento contra a campanha de desinformação” promovida pelo jornalista Alexandre Garcia sobre as consequências das chuvas no Rio Grande do Sul.

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No programa “Oeste Sem Filtro”, da Revista Oeste, na 6ª feira, 8, Garcia disse ser “preciso investigar, porque não foi só a chuva” que causou enchentes no Estado e a morte de pelo menos 46 pessoas. Segundo o jornalista, “no governo petista foram construídas, ao contrário do que recomendavam as medições ambientais, 3 represas pequenas, que aparentemente abriram as comportas ao mesmo tempo. Isso causou uma enxurrada”.

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Em post no X (antigo Twitter), Messias disse ser “inaceitável que, nesse momento de profunda dor, tenhamos que lidar com informações falsas”.

O advogado geral da União nomeado pelo governo Lula (PT), foi bem mais rápido em buscar medidas contra as falas do jornalista do que o governo federal foi em iniciar o socorro ao estado do Rio Grande do Sul.

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Porque não investigar as barragens no Rio Grande do Sul?

Um vídeo que teria sido feito na Usina Castro Alves, no rio das Antas, no Rio Grande do Sul, no dia 4 de setembro, mostra um grande volume de água nos vertedouros nas laterais da estrutura, que acabaram indo para o rio.

A água da usina hidrelétrica foi levantada como hipótese causadora para a rápida elevação do rio que causou destruição em diversas cidades nos últimos dias.

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O Complexo Energético Rio das Antas (Ceran), que administra a usina, informou que na última segunda, o rio das Antas atingiu a vazão mais alta desde a construção das usinas e uma das maiores vazões que se tem registro. (VEJA VÍDEO)

“Infelizmente, as barragens não conseguem reduzir altas afluências e mitigar os impactos no entorno do rio, pois as barragens da Ceran possuem vertedouro do tipo soleira livre e tem a característica “a fio d’água”, ou seja, não tem capacidade de armazenamento e nem de regular o fluxo do rio, pois todo o excedente de água passa por cima da barragem”, explicou a Ceran.

Imagem do excesso de água na barragem do Rio Grande do Sul?

Prefeitos também questionam o comportamento das barragens

refeitos de municípios da região do Rio das Antas organizaram-se em um grupo para buscar informações sobre o quanto o funcionamento do Complexo Energético Rio das Antas pode eventualmente ter contribuído para as enchentes que atingiram a região.

Desde a segunda-feira (4), postagens em redes sociais especulam a possibilidade de que comportas das barragens teriam sido abertas. A prefeitura de Bento Gonçalves fez ofício pedindo explicações da Companhia Energética Rio das Antas (Ceran) e comunicou o Ministério Público Federal (MPF). 

Na manhã da sexta-feira, a Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do Estado emitiu nota sobre o caso, informando que não existem comportas nessas barragens:

“A fiscalização e relatório de barragens para geração de energia são exclusivos da Aneel. Todavia, em caso de emergência de rompimento ou avarias, a Fepam e a Defesa Civil são acionadas, conforme previsto no Plano de Ação de Emergência, sendo esses atos exclusivo para riscos apresentados na estrutura da barragem, não tendo relação direta com a vazão. No caso das barragens da Ceran, em especial na atingida pelo evento climático (UHE Castro Alves), não existem comportas e a estrutura do vertedouro é do tipo soleira livre, ou seja, a água excedente passa por cima do barramento, não tendo ocorrido, durante o temporal, nenhuma abertura mecânica. As equipes da Fepam e da Sema estão em contato com a empresa e já solicitaram informações e relatórios sobre o caso.”

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O prefeito de Bento Gonçalves, Diogo Segabinazzi Siqueira, cobra “mais transparência” da empresa:

– A comunicação da empresa com os municípios é quase inexistente. Não temos informações fidedignas, não sabemos se liberaram água. A Ceran é o órgão que mais informações tem sobre o Rio das Antas.

Às 10h do dia 8, ocorreu, em Bento Gonçalves, uma reunião de prefeitos da Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) para tratar sobre a situação das cidades depois da enchente, mas medidas em relação à Ceran serão cobradas.

Na quinta-feira, a Procuradoria-geral do Município de Bento Gonçalves encaminhou ofício para a Ceran.

“Estamos buscando as informações necessárias para auxiliar as comunidades envolvidas e para poder prevenir que tenhamos este tipo de desastre novamente, bem como sabermos a real situação do Complexo Energético do Rio das Antas. Acreditamos que é interesse da companhia estar auxiliando nesse processo”, disse por meio de nota, o procurador-geral do Município, Sidgrei Machado Spassini. 

Em nota, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel)  esclareceuque a legislação atual estabelece obrigações para implantação de Plano de Ação de Emergência (PAE) para situações relacionadas à segurança da barragem.

“Em caso de cheias excepcionais, a estrutura de comunicação estabelecida no PAE pode ser utilizada para comunicação das autoridades do poder público competentes para atuar junto às comunidades potencialmente atingidas. A Ceran informou os órgãos competentes sobre as fortes vazões da usina.”

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Último dados sobre a Chuva no Sul do Brasil

Em seu último boletim, divulgado às 07:30 desta segunda-feira 11, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou que subiu para 46 o número de mortes causadas pelo ciclone extratropical que passou por diversas cidades do Estado na última semana. O número de desaparecidos continua em 46, sendo 30 em Muçum, 8 em Lajeado e 8 em Arroio do Meio. As fortes chuvas atingem o Rio Grande do Sul e também cidades de Santa Catarina desde 3 de setembro. Ao longo da semana, foram 93 municípios afetados, que somam 4.794 desabrigados e 20.490 desalojados.