Bitcoin tem o melhor retorno do mês bolsa perde feio. O bitcoin parece não estar nem um pouco a fim de deixar a liderança do ranking dos melhores investimentos em 2023. A criptomoeda aparece novamente como o ativo mais rentável em março, acumulando alta em reais de cerca de 65% no ano, muito à frente do segundo colocado.
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Mas o pódio do mês também marca o retorno ao topo de ativos que, bem pouco tempo atrás, também amargavam perdas. Em segundo lugar aparece o ouro, que recupera seu brilho (sem trocadilho) em meio ao enfraquecimento global do dólar, e os títulos públicos prefixados, que agora também passaram a figurar entre as melhores aplicações do ano devido ao risco de alta da inflação.
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A lanterna, por sua vez, ficou com o Ibovespa, o dólar e o IFIX, Índice de Fundos Imobiliários, os únicos do ranking a terem retorno negativo em março. Veja a seguir a lista completa com a performance dos principais investimentos no mês:
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Os melhores investimentos de março
Investimento | Rentabilidade no mês | Rentabilidade no ano |
Bitcoin | 19,37% | 65,52% |
Ouro | 4,61% | 5,30% |
Tesouro Prefixado 2029 | 4,49% | 4,31% |
Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2033 | 3,59% | 3,02% |
Tesouro Prefixado 2026 | 2,93% | 5,31% |
Índice de Debêntures Anbima – IPCA (IDA – IPCA)* | 2,42% | -2,59% |
Tesouro IPCA+ 2035 | 2,13% | 1,76% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2040 | 2,06% | 2,95% |
Tesouro IPCA+ 2029 | 2,01% | – |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2032 | 1,98% | 3,82% |
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2055 | 1,84% | 2,13% |
Índice de Debêntures Anbima Geral (IDA – Geral)* | 1,35% | -0,94% |
Tesouro Selic 2026 | 1,14% | – |
CDI* | 1,12% | 3,15% |
Tesouro Selic 2029 | 1,09% | – |
Tesouro IPCA+ 2045 | 1,03% | -1,05% |
Poupança antiga** | 0,65% | 2,01% |
Poupança nova** | 0,65% | 2,01% |
IFIX | -1,69% | -3,70% |
Dólar PTAX | -2,44% | -2,62% |
Ibovespa | -2,91% | -7,16% |
Dólar à vista | -2,99% | -4,00% |
(**) Poupança com aniversário no dia 28.
Todos os desempenhos estão cotados em real. A rentabilidade dos títulos públicos considera o preço de compra na manhã da data inicial e o preço de venda na manhã da data final, conforme cálculo do Tesouro Direto.
Fontes: Banco Central, Anbima, Tesouro Direto, Broadcast e Coinbase, Inc..
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O ritmo de aperto monetário foi contido pela quebradeira de bancos e empresas
A alta dos juros no Brasil e no mundo vinha sacrificando os ativos de risco – incluindo os digitais – e beneficiando a renda fixa pós-fixada, mas no último mês os bancos centrais receberam um indicativo nada gentil de que não poderiam apertar demais, sob o risco de uma quebradeira de empresas e bancos acabar tornando o cenário econômico muito pior.
Vimos bancos quebrarem nos Estados Unidos e, aqui no Brasil, temos visto, desde o início do ano, uma série de empresas, abertas ou fechadas, apresentando dificuldades para pagar dívidas e até pedindo recuperação judicial.
Por aqui, o estopim foi o caso da Americanas, que pode estar mais relacionado com fraude do que com o cenário macroeconômico, mas é fato que a RJ da varejista deixou investidores com pé atrás em relação a outras empresas do setor e a credibilidade de sua governança corporativa.
Além disso, bancos grandes tomaram um senhor calote da companhia e se tornaram mais diligentes na concessão de crédito, assim como os demais investidores do mercado de dívida corporativa – cenário nem um pouco amigável para empresas que já estavam bastante endividadas e prestes a ter dificuldades de pagar suas obrigações.
O risco fiscal no Brasil é preocupante e tem feito os investidores estrangeiros procurarem outros mercados, além da insegurança jurídica atual no país.
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Nos EUA e na Europa, o aperto monetário levou à bancarrota algumas instituições financeiras de menor porte, mais expostas a clientes arriscados ou que já vinham apresentando problemas financeiros prévios – caso do Credit Suisse.
Nem o Federal Reserve, nem o Banco Central Europeu e nem o BC brasileiro abaixaram a guarda diante da inflação ainda preocupante, nem indicaram que os juros devem parar de subir ou começar a cair em breve, conforme o caso.
Ainda assim, os banqueiros centrais entenderam que talvez não seja possível apertar demais a política monetária, para não mergulhar a economia em uma recessão pesada. Pelo contrário: nos EUA e na Europa, alguns bancos precisaram de algum tipo de resgate do governo, nem que fosse por meio de uma linha de crédito camarada.
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Dolar deu alívio
Essa espécie de limitação para o furor hawkish dos bancos centrais desacelerou os juros futuros e trouxe alívio para o dólar globalmente, dando espaço para a valorização de outras moedas fortes e até mesmo do real ante a moeda americana.
O dólar à vista, por exemplo, terminou março cotado a R$ 5,07, acumulando uma queda de 4,00% no ano.
As criptomoedas também se beneficiaram desse cenário, mas também da “desconfiança renovada” dos investidores em relação aos bancos tradicionais, diante da crise bancária nos EUA e na Europa. Isso deu ainda mais tração ao movimento de recuperação já visto por esses ativos desde o começo do ano.
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A ideia de que o aperto monetário americano não poderá ser mais forte do que se imaginava e o alívio no dólar também fortaleceram o ouro, ativo que se destaca em momentos de crise, desde que a perspectiva não seja de elevação dos juros nos EUA, o que tipicamente aumenta a atratividade dos títulos públicos do país frente ao metal, que não paga juros.
As despressurização dos juros futuros e do dólar deu às bolsas um espaço para a recuperação, inclusive no Brasil. Por aqui, ainda houve outro fator a contribuir para o alívio nos juros futuros e a alta do Ibovespa: o anúncio do novo arcabouço fiscal, que, em certa medida, até agradou ao mercado.
Para os títulos públicos prefixados e atrelados à inflação, a queda nos juros futuros foi mais que bem-vinda, pois esses ativos vinham sofrendo à beça com os juros de mercado em alta diante dos ruídos políticos entre governo e BC, além do aperto monetário nos Estados Unidos.
Mas, com a despressurização, esses papéis, que tipicamente se valorizam quando os juros futuros caem, puderam virar o desempenho no acumulado do ano do vermelho para o azul na maioria dos vencimentos. Os prefixados, que se beneficiam também de uma perspectiva de inflação controlada, tiveram as altas mais fortes.
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Bolsa brasileira em queda
As ações brasileiras, porém, não tiveram a mesma sorte. Embora o Ibovespa tenha apresentado recuperação na reta final do mês e retornado ao patamar dos 100 mil pontos (fechando a 101.882 pontos), essa retomada ainda não foi suficiente para apagar os efeitos das tensões anteriores e as marcas que toda a crise corporativa dos últimos meses, bem como os juros ainda elevados, deixou na B3.
Outro mercado que ainda sofre as consequências da crise de crédito do primeiro trimestre é o de debêntures. Em março, os títulos de dívida de empresas conseguiram uma boa recuperação com o alívio nos juros futuros, mas no ano ainda acumulam perdas, em reflexo sobretudo do escândalo da Americanas e das dificuldades da Light.
Maiores altas do Ibovespa em março
Empresa | Código | Desempenho no mês |
Azul | AZUL4 | 68,02% |
Ecorodovias | ECOR3 | 26,10% |
Embraer | EMBR3 | 24,71% |
Gol | GOLL4 | 20,43% |
CCR | CCRO3 | 16,01% |
Méliuz | CASH3 | 14,94% |
EDP Brasil | ENBR3 | 13,65% |
Cemig | CMIG4 | 10,66% |
MRV | MRVE3 | 8,14% |
Raia Drogasil | RADL3 | 7,23% |
Fonte: B3/Broadcast
Maiores quedas do Ibovespa em março
Empresa | Código | Desempenho no mês |
Hapvida | HAPV3 | -41,87% |
Qualicorp | QUAL3 | -20,99% |
3R Petroleum | RRRP3 | -19,12% |
Rede D’Or | RDOR3 | -17,42% |
Arezzo | ARZZ3 | -14,87% |
Assaí | ASAI3 | -14,39% |
Natura &Co | NTCO3 | -13,84% |
Alpargatas | ALPA4 | -13,79% |
Suzano | SUZB3 | -12,97% |
Lojas Renner | LREN3 | -10,71% |
Fonte: B3/Broadcast
Fundos imobiliários na UTI
Mas o setor que sem dúvidas ainda parece viver um inferno astral é o de fundos imobiliários. Não bastassem os juros ainda elevados e a inadimplência de empresas encrencadas que são inquilinas de fundos importantes da bolsa – como Tok&Stok e Marisa -, em março ainda foram noticiados casos de calote em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) que compõem as carteiras de FIIs com grande quantidade de cotistas.
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Alguns desses fundos, inclusive, têm alta exposição a esses papéis e amargam perdas pesadas na bolsa. A inadimplência dos CRIs também se relaciona, em alguma medida, à crise financeira por que passam as empresas brasileiras diante dos juros altos e do crédito mais escasso, mostrando que os reflexos desse cenário ainda podem ser vistos por aí.