Milicianos da ministra do Turismo fecharam cidade para eleger Lula. O novo governo Lula teve sua primeira semana marcada por situações nada convencionais para início de governo. Ele os diversos fatos preocupantes o mais marcante é a crise provocada pela revelação de que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, conhecida como Daniela do Waguinho, é ligada a uma tradicional milícia que controla a cidade de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro. A informação foi divulgada pelo jornal Folha de São Paulo. Ao longo da semana, ganhou novos capítulos.
LEIA AINDA: Sociedade Civil e alunos de Alexandre de Moraes no Senado apresentaram repúdio a sua nomeação
Daniela virou alvo de pressão depois da publicação de uma foto em que aparece ao lado do ex-PM Juracy Alves Prudêncio, o Jura, apontado como chefe da milícia acusada de vários assassinatos em Belford Roxo. Jura está preso na Cadeia Pública Constantino Cokotós, em Niterói (RJ), condenado a 26 anos de prisão por homicídio e associação criminosa.
MAIS INFORMAÇÃO: Governo Lula quer indenizar Dilma e caça jornalista
Ele atuou diretamente na campanha da ministra em 2018, quando ela concorreu a uma vaga na Câmara de Deputados, pelo MDB. No ano passado, como estava na prisão, ele atuou por meio da mulher, Giane Prudêncio. Daniela do Waguinho foi a deputada federal mais votada no Estado.
Bastou um miliciano ser reconhecido, chegou-se a um exército. O grupo é formado por cerca de 50 homens, entre militares e civis, que andam armados e dominam a cidade.
VEJA ESTA: Alexandre de Moraes suspende reintegração de posse no interior de São Paulo
Com a prisão de Jura, quem assumiu a milícia foi o PM Fábio Sperendio de Oliveira. Até dezembro, ele era funcionário na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro no gabinete do deputado Marcelo Canella (União Brasil). Mas a real função era como segurança da ministra e do marido dela, o prefeito da Belford Roxo, Wagner dos Santos Carneiro, conhecido por Waguinho (União Brasil).
ENTENDA AINDA: Lula libera orçamento de R$1,5 bi para Agro e R$ 10 bi para Cultura. O que o povo irá comer futuramente?
Durante a campanha eleitoral do ano passado, com o uso da milícia, o casal foi acusado de “fechar a cidade”. O que isso significa? Impedir que adversários do PT fizessem campanha em Belford Roxo. Além disso, pressionaram os servidores públicos e a população a votar em Luiz Inácio Lula da Silva. Mais de duzentas denúncias sobre o que acontecia no município foram feitas à Superintendência da Polícia Federal, ao Ministério da Justiça e ao Ministério Público Federal. Os documentos foram protocolados pelo deputado federal Carlos Jordy (PL).
Na época até vídeos circularam pela internet com as pessoas vestidas de vermelho alegando que estavam participando das caravanas de Lula obrigadas por seus chefes da prefeitura. (veja vídeo abaixo)
VOCÊ SABIA? Governo Lula cria órgão para suprimir liberdades e direitos
Belford Roxo é uma cidade a 30 quilômetros da capital, com 513 mil habitantes. A Câmara tem 25 vereadores, e um único parlamentar de oposição, Daniel Silva de Lima, o Danielzinho, que chegou a perder o mandato depois de apontar irregularidades no governo de Waguinho. Em 2021, Danielzinho denunciou que respiradores doados no auge da pandemia pelo governo do Rio para o Hospital Municipal de Belford Roxo foram parar em uma unidade particular do município. A prefeitura nega que isso tenha ocorrido.
Depois de onze meses, o vereador voltou ao cargo por uma decisão do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) que julgou improcedente a medida liminar da Câmara que afastou Danielzinho.
ENTENDA: PT coloca em risco liberdade econômica do Brasil
Segundo as denúncias, o prefeito, seus secretários e vereadores obrigaram funcionários da administração municipal, até mesmo os concursados, a participarem de atos de campanha de Lula. Ameaças de demissão, perda de cargo, ou mesmo suspensão do pagamento de salários, foram usados para coagir os servidores em favor do candidato. Os políticos citados negam as denúncias.
LEIA MAIS: Gabriel Chalita e Alckmin juntos com Alexandre de Moraes
“Funcionários foram obrigados a comparecer a comícios, usando adereços e fazendo gestos relacionados ao candidato, trocar fotos de perfil em redes sociais e produzir imagens fazendo o “L””. Além de funcionários, comerciantes e moradores relataram ameaças por meio do fechamento de estabelecimentos comerciais e aumento de impostos municipais. “Uma denúncia narra que o prefeito interditou um comércio depois que o proprietário retirou a propaganda de Lula do comércio”, relata um dos documentos.
SAIBA MAIS: Novo marco cambial criado no governo Bolsonaro está em vigor
Quando o escândalo veio à tona no começo da semana, a assessoria de Daniela emitiu a seguinte nota: “Daniela salienta que compete à Justiça julgar quem comete possíveis crimes”.
Contudo, a maioria dos denunciantes pediu sigilo por medo de represálias, já que os responsáveis pela polícias Militar e Civil são indicação do prefeito.
Informações com Revista Oeste