Morgan Stanley alerta contra corte de juros em mercados emergentes, como o Brasil. De acordo com James K. Lord e Ioana Zamfir, estrategistas do Morgan Stanley, os bancos centrais de mercados emergentes devem agir com mais cautela conforme o Federal Reserve aumenta as taxas nos Estados Unidos.
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O banco recentemente aumentou sua previsão para a taxa final do ciclo de aumento do Fed e revelou a seus clientes uma visão otimista do dólar. Os mercados mantiveram as expectativas de um aumento de 25 pontos-base (0,25 ponto percentual) na taxa de juros e atribuem cerca de um terço de probabilidade de outro aumento com o mesmo valor.
A cautela ocorre em meio à crescente popularização das negociações de rate receivers – que garantem ganhos quando os juros caem, estratégia recomendada pelo Goldman Sachs e Citigroup.
A corrida por comprar títulos e travá-los nos rendimentos atuais – antes das quedas – também ocorre em outra parte do mercado, nas apostas em posições vendidas em dólar, que estão trazendo os melhores retornos do primeiro semestre em seis anos.
O Morgan Stanley alertou os investidores que alocam em mercados emergentes, como o Brasil, de que os países podem não efetuar os cortes nas taxas de juros que estão sendo precificados, à medida que o tom mais agressivo do Federal Reserve aumenta a perspectiva de um dólar forte.
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Segundo o banco “ mesmo em países que possam tem a inflação baixando e talvez pudesse justificar um ciclo acentuado de flexibilização nos mercados emergentes, e até mesmo manter as taxas reais estávei. O estreitamento nos diferenciais das taxas de juros nominais com o Fed que implica provavelmente em deixar os mercados vulneráveis a choques”, escreveram os estrategistas em nota.
“Essa perspectiva pode ajudar a desacelerar o ritmo dos cortes, embora haja mais debate a ser feito sobre se isso simplesmente aumenta a taxa terminal.”
As economias emergentes, que começaram a aumentar os juros cerca de um ano antes do Fed, estão sinalizando cada vez mais uma mudança para a política de flexibilização, que é o caso do Brasil.
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Mesmo com membros do Fed permanecendo com o aumento de juros. Embora o aperto monetário esteja sendo mantido em taxas estáveis em vários países, da Índia ao México e Taiwan, alguns como a Hungria já começaram a cortar.
“No entanto, o nível total das taxas dos EUA pode representar algumas restrições em relação aos preços para o ritmo de cortes de curto prazo em geral, provocando algum achatamento” na curva de juros, disseram eles.
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Além das taxas, a dinâmica de crescimento na maior economia do mundo também pode ajudar a diminuir o risco nas negociações, disseram os estrategistas. Nesse cenário, as moedas que mais se beneficiam da força da economia dos EUA – como o peso mexicano – seriam as mais vulneráveis.
“Se os dados dos EUA passarem a indicar um risco maior de recessão, então todos os três principais blocos econômicos do mundo – EUA, zona do euro e China – enfrentarão condições de crescimento muito desafiadoras”, escreveram eles. “Suspeitamos que isso seria o suficiente para levar a uma reavaliação dos ativos de risco globais e uma redução das operações de carry trade de câmbio.”
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Com Bloomberg