Por que o dólar chegou ao menor valor de 2 anos. Em queda desde a abertura dos negócios e na contramão do exterior, a moeda americana acelerou as perdas ao longo da tarde, em meio à divulgação de resultado forte da balança comercial em março, e fechou abaixo de R$ 4,70 pela primeira vez desde 10 de março de 2020.
Entretanto, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, divulgou que a balança comercial registrou superávit de US$ 7,383 bilhões em março, 19% maior que em igual período do ano passado e o melhor resultado para o mês desde o início da série histórica. No ano, a balança comercial acumula superávit de US$ 11,313 bilhões, crescimento de 37,6% na comparação anual.
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Contudo, na mínima a R$ 4,6628 (-2,07%), registrada no meio da tarde com ordens de stop loss (limitação de perdas), o dólar à vista encerrou a sessão em baixa de 1,97%, a R$ 4,6673 – menor valor de fechamento desde 10 de março de 2020 (R$ 4,647). Com isso, a desvalorização acumulada no ano atingiu 16,30%.
Analistas acreditam que mesmo que haja um cessar-fogo entre Rússia e Ucrânia (que realizaram nova rodada de negociações hoje), a perspectiva é a de que as commodities seguirão em patamares elevados. Além disso, investidores devem continuar a evitar ativos russos e moedas do leste europeu, dando preferência a outros emergentes, como o Brasil.
E ainda, no exterior, o índice DXY – que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de seis divisas fortes – operou em alta ao longo de todo o dia, tocando máxima na casa de 98,700 pontos. A curva de juros americana se inverteu, com a taxa da T-note de 10 anos abaixo de 2,40%, enquanto o retorno do título de dois anos, em forte alta, girava ao redor de 2,44%.
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Em contrapartida, o mercado deixa de lado, por ora, ruídos políticos e temores de deterioração fiscal, em meio a corte de impostos e à novela em torno do reajuste do funcionalismo público. A paralisação dos servidores do Banco Central não tem influenciado a formação da taxa de câmbio.
No entanto, a Porto Seguro Investimentos reduziu de R$ 5,50 para R$ 5,00 a projeção para o dólar no fim de 2022, observando que a melhora dos temores de troca e o aumento do fluxo externo, em meio ao diferencial de juros elevado, prevalecem sobre o risco fiscal. “Se essa projeção se materializar, o real será um grande aliado da Selic para conter a inflação”, afirmou a instituição, em relatório.
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Por fim, “o Brasil tem muitas empresa produtoras e exportadoras de commodities. Isso traz mais dólares e também atrai o investidor estrangeiro para ações de companhias que estavam muito descontadas”, ressaltando que com a perspectiva de alta de juros nos EUA, investidores estão migrando para setores mais tradicionais, que não vão sofrer tanto com o aperto monetário. “Somando esse cenário aos juros domésticos elevados, que atrai capital externo, temos uma pressão forte do dólar para baixo”.