Porque o Mercado Financeiro passou a criticar Bolsonaro? Se você ainda não se deu conta, todos os setores da economia de um país tem interesses diretamente ligados a política daquele país. O mercado financeiro não difere disto. Afinal são as políticas econômicas que beneficiam ou apertam o setor.
Estamos nos aproximando das eleições presidenciais no Brasil. E o mercado financeiro retirou seu apoio a reeleição de Jair Messias Bolsonaro. Se você também não havia percebido isto, e não entende o que isso significa, tentarei esclarecer um pouco deste jogo de interesse político dos “mandachuvas” do mercado no Brasil.
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Ao retirar o apoio ao atual Presidente da República, o mercado financeiro também inicia sua campanha contra a reeleição do mesmo. E consequentemente busca outro candidato para representá-los. Entenda aqui, defender seus interesses.
Agora entenda o jogo do mercado financeiro através das explicações dadas por um cientista político. “A economia real está fortemente correlacionada com o mercado financeiro”, disse Leandro Consentino, cientista político do Insper. O setor produtivo depende do mercado, por exemplo, para financiar investimentos como a construção de uma nova fábrica.
De um lado, está o poder econômico. Do outro, o poder político. Mercado e governo podem conviver harmoniosamente ou disputar uma intensa queda de braço. “Tudo vai depender da convergência ou não dos interesses”, afirmou Consentino. “O mercado está atrás do lucro. Ele quer previsibilidade, uma condução clara da política econômica. Quanto menor for a incerteza, maior será o ganho financeiro no futuro, e mais tranquila será a relação com o governo”, disse o cientista político do Insper.
Para embasar ainda mais estas explicações, podemos relembrar alguns dos escândalos que envolvem governos e mercado financeiro. Entre eles o do BNDES que por anos reportou prejuízo por servir de ferramenta para usar dinheiro da máquina pública em benefício de figuras específicas.
Um destes escândalos é o que ocorreu no mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso para favorecer o banqueiro Daniel Dantas no esquema de privatização da Telebrás.
O problema é quem nem sempre o que é bom para o mercado é bom para o país, afirmou Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP. “O mercado normalmente tem uma visão de curto prazo, com foco especulativo. Já um governo precisa ter compromisso com a área social, com a estrutura produtiva. Tem que ter visão de longo prazo.
“O economista da PUC-SP citou algumas questões que interessam à sociedade, mas não são necessariamente uma prioridade para o mercado, como reduzir o desemprego e melhorar a distribuição de renda. “O ajuste fiscal, por exemplo, é uma demanda do mercado. O ajuste vai ajudar a restaurar a confiança dos investidores no país, o que deve gerar crescimento no longo prazo, ajudando a melhorar questões sociais.
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Lacerda afirmou que o mercado exerce forte influência sobre os políticos e sobre a mídia, o que acaba desequilibrando o jogo democrático devido à ausência de entidades ligadas ao interesse público que façam contraponto ao discurso do setor financeiro. “O mercado possui os melhores economistas, que municiam a mídia com seu ponto de vista. Isso faz parte do jogo democrático”, declarou.
“A maioria dos parlamentares é movida por interesses corporativos. Você tem a bancada ruralista, a bancada da bala, das empreiteiras, dos evangélicos. Eles não estão preocupados com o interesse geral da população.”
Consentino afirmou que, mesmo com a proibição ao financiamento privado de campanha, grandes empresários continuam exercendo seu poder financeiro, contribuindo pessoalmente para a eleição de deputados, governadores e presidente da República. “A empresa não pode mais [doar para campanha]. Mas eles continuam doando na pessoa física. Para garantir que terão influência sobre o eleito”, disse o cientista político do Insper…
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O mercado financeiro, ou simplesmente mercado, reúne empresas, grandes investidores e também especuladores, tanto brasileiros como estrangeiros. Eles negociam ações, derivativos, moedas estrangeiras como o dólar, contratos de juros futuros, títulos públicos, títulos de dívida emitidos por empresas, entre outros bens.
“Isso é o que se convencionou chamar de mercado financeiro. É muito mais do que o conceito simples de mercado, de relacionamento entre empresas e consumidores”, afirmou Antonio Corrêa de Lacerda, professor da PUC-SP.
Bolsonaro tirou das instituições financeiras e beneficiou a população
Seguindo esta dinâmica vamos agora trazer o foco para os dias atuais. Como já mencionado acima o mercado se preocupa apenas com os próprios interesses. O atual governo tem trabalhado contra o mercado e a favor da sociedade.
De acordo com publicação do Estadão. Em uma ala do mercado financeiro, a crítica é a de que o governo ampliou a tributação sobre empresas e investimentos para bancar benesses prometidas pelo presidente Jair Bolsonaro aos trabalhadores no Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF). O desenho final da proposta também já entrou na mira no Congresso Nacional.
Isto porque, o Pix retirou no ano passado R$ 1,5 bilhão em receitas dos maiores bancos listados na B3 – Banco do Brasil, Itaú Unibanco, Bradesco e Santander. Mesmo com este impacto, as receitas com serviços dos quatro cresceram e atingiram R$ 122 bilhões. Em janeiro deste ano, segundo o BC, foram realizadas 1,3 bilhão de transações via Pix. É mais de seis vezes o total do mesmo mês de 2021.
Entretanto, os “mandachuvas” do mercado financeiro de alguma forma estão envolvidos na maior parte da mídia nacional e internacional, desta forma sempre buscam fazer a manipulação da opinião pública. A maioria dos meios de comunicação estão nas mãos de grupos e incorporações que servem a alguma instituição financeira.
O governo atual ao criar o PIX desagradou às instituições financeiras terrivelmente. Isto porque acabou com uma imensa fonte renda das mesmas. As tarifas cobradas de TED e DOC. O que consequentemente afetou as famosas cestas de serviços vendidas pelos bancos.
Antes da ferramenta do Banco Central, as opções de transferência mais abrangentes eram o TED, em que o valor cai na conta do favorecido no mesmo dia, e o DOC, em que o crédito ocorre no dia seguinte. As duas transferências são pagas, mas, em geral, os pacotes (pagos) de serviço de conta corrente dos bancos incluem algumas transferências gratuitas por mês.
Balanços de peso e indicadores econômicos movimentam o mercado. O que esperar?
Tanto que os próprios bancos não escondem a insatisfação com a ferramenta. Em matéria publicada na istoédinheiro em 18 de fevereiro deste ano, o presidente do BB, Fausto Ribeiro, diz que é natural que a curto prazo a conta corrente gere menos tarifas. “Estamos buscando suprir essa perda com outros serviços, com uma assessoria financeira mais forte.”
O Bradesco também tem buscado novas linhas de negócio. “O trabalho é criar novas linhas de receita para compensar”, disse Octavio de Lazari Jr, presidente do banco. Parte da estratégia passa pelas marcas digitais do banco. Juntas, Next e Bitz tinham mais de 14 milhões de clientes em dezembro. “86% das pessoas que estão nos ativos digitais não tinham conta no banco”, disse Lazari.
O Santander demonstrou pessimismo. Para o presidente do conselho do banco, Sergio Rial, a opção é reduzir custos. “Não tem (como compensar a queda de receita). Vai ter de otimizar”, disse ele.
- Outra tacada forte do governo Bolsonaro foi a limitação de juros sobre cartão de crédito. E ainda, a liberação para a abertura de pequenas empresas para empréstimo legalizado, que passaram a competir com bancos e financeiras.
Contudo, lideranças do mercado tem se reunido com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Como por exemplo o fundador e Presidente Executivo do Conselho Administrativo da XP Investimentos Guilherme Benchimol em 20 de abril deste ano.
Em publicação de Benchimol em seu instagram, “a agenda é sempre a mesma coisa: como conseguimos ter uma economia estável, juros baixos, inflação controlada e fazer com que os nossos 20 milhões de empreendedores, que empregam mais de 50 milhões de brasileiros, aumentem em quantidade e possam ser cada vez melhores, gerando assim mais renda e prosperidade para o nosso país”, finalizou ele sobre o encontrol.
Em contrapartida os meios de mídia em sua maioria controlados pelo mercado tem criticado a condução econômica do atual governo. Mesmo diante de melhorias pelas quais o país tem implementado. Como a atual redução dos valores de combustível devido a nova políica de ICMS. E ainda, o aumento de geração de empregos formais no país.
Instituições não favorecidas pelo governo Bolsonaro assinam manifesto
A Faculdade de Direito da USP publicou um manifesto no último dia 26, assinado por mais de 3 mil membros da sociedade civil em defesa da democracia. O documento é considerado é justificado por seus criadores como uma reação aos recentes ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral brasileiro.
No texto, juristas, banqueiros, empresários, artistas e intelectuais afirmam em conjunto que o país está passando por um “momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições”, comentando, sem citar Bolsonaro.
Já é público e notório que o atual governo cortou a “mamata” da Lei Rouanet, para o mercado financeiro já citamos alguns feitos acima. Desta forma, o manifesto deixa pública a preocupação de seus signatários de uma possível reeleição do atual governo. Submetendo assim, os mesmos, a mais quatro anos sem terem seus interesses colocados a frente das demandas da sociedade.
Em suma, poderíamos colocar aqui inúmeros outros feitos do governo Bolsonaro que deixam os figurões do mercado financeiro muito descontentes. Porém, deixarei para um próximo conteúdo.
Termino este material com um famoso bordão do mercado financeiro, para você refletir quando ler e ouvir qualquer notícia comentário ou informação. “Não existe almoço grátis”.
A maioria dos profissionais de economia estão ligados ao mercado financeiro e fornecem suas opiniões para formar a opinião pública. O que já configura a manipulação da massa, principalmente por não deter conhecimento suficiente para questionar sobre o tema.
Partindo destas premissas fica evidente que o mercado de fato não tem interesse que Bolsonaro seja reeleito. Além de trabalharem através de diversas mídias para deixar claro que não estão apoiando o governo.