Banco Central reduz Selic em votação apertada, taxa cai a 13,25% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, anunciou o primeiro corte da taxa Selic desde agosto de 2020. A taxa caiu de 13,75% para ao ano para 13,25%, na quinta reunião do ano nesta quarta-feira (2). A decisão não foi unânime.
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O comunicado do comitê do BC diz que o “Copom avalia que a melhora do quadro inflacionário com queda das expectativas de inflação para prazos mais longos permitiram flexibilização do ciclo.”
O texto acrescenta ao falar sobre o corte da Selic: “”Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário.”
Diz ainda que “expectativas com reancoragem parcial demandam serenidade e moderação da política monetária”.
E complementa: “A magnitude do ciclo dependerá das expectativas de inflação, em especial as de maior prazo. Horizonte relevante inclui 2024 e, em menor grau, 2025.”
A Selic estava estacionada em 13,75% havia um ano. Era unânime no mercado financeiro a aposta em corte dos juros nesta reunião do Copom, com dúvidas sobre o ritmo de queda. Economistas avaliavam que existiam razões para justificar tanto uma baixa de 0,25 ponto porcentual quanto de 0,50 ponto.
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Pontos-chave:
- BC anunciou na noite desta quarta-feira o primeiro corte da taxa básica de juros desde agosto de 2020
- Decisão não foi unânime. Divergência é a primeira entre a diretoria do Copom em quase um ano
- O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, votou pela redução de 0,5 ponto
Magnitude do corte da taxa Selic dividia o mercado
Enquanto a maioria dos economistas realmente esperava por uma redução de 0,25 ponto porcentual, outra ala via espaço para um corte maior, de 0,50 ponto, após uma evolução positiva do cenário no último mês.
Após a última decisão do Copom, em 21 de junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu manter as metas de inflação em 3%, com banda de tolerância de 1,5 ponto porcentual, colocando fim a mais de seis meses de incerteza.
Decisão sobre o corte da Selic dividiu o Copom
Os dois, Galípolo e Aquino, votaram a favor do corte. Mas o próprio presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também foi favorável à redução. Otávio Ribeiro Damaso, diretor de Regulação, e Carolina de Assis Barros, diretora de administração do BC foram outros dois integrantes do comitê do BC que votaram pela Selic mais baixa. Quatro integrantes foram contra a redução.
O corte ocorre exatamente 12 meses depois de o BC elevar a taxa Selic pela última vez para combater uma inflação até então bastante persistente. Desde então, os juros básicos estavam parados em 13,75% ao ano. De lá para cá, a inflação acumulada em 12 meses cedeu de 10,07% para 3,16% – abaixo do centro da meta deste ano (3,25%).
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O que é a taxa Selic?
Selic é a sigla para “Sistema Especial de Liquidação e de Custódia”. É a taxa básica e, mais importante do que isso, é ela que baliza todo o mercado financeiro. Portanto, o investidor dificilmente vai encontrar juros menores do que ela.
A Selic também é um bom termômetro para os investimentos. Então, um papel que pague abaixo da taxa de juros merece ser trocado por outro que pague pelo menos a mesma coisa. A Selic é definida pelo Banco Central (BC), que sobe esta taxa todas as vezes que precisa controlar a inflação.
O que é o Copom, que define taxa Selic?
A Selic não nasce de geração espontânea, do nada. Ela é definida por um colegiado que se reúne a cada 45 dias e que decide se vai aumentar ou reduzir a taxa. Este grupo de pessoas avalia dados macroeconômicos, como o desempenho da atividade econômica, olha para as contas públicas, vê o desempenho da inflação, estuda a quantas anda o câmbio. Tudo isso olhando sempre para a conjuntura internacional, uma vez que o investidor estrangeiro tem grande relevância para Brasil, bem como nossas exportações e importações.
O nome que se dá a este grupo é Comitê de Política Monetária (Copom), órgão que pertence à estrutura do BC. Este grupo é composto pelos chefes do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos (Deban), Departamento de Operações do Mercado Aberto (Demab), Departamento Econômico (Depec), Departamento de Estudos e Pesquisas (Depep), Departamento das Reservas Internacionais (Depin) e Departamento de Assuntos Internacionais (Derin).
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Os encontros do Copom acontecem durante dois dias seguidos (terça e quarta-feira), a cada 45 dias. A ata com a decisão é divulgada na terça-feira, uma semana depois do primeiro dia da reunião. É nela onde estão os detalhes da decisão, com uma sinalização do que deve acontecer no próximo encontro.