O Exército americano conduzirá exercícios militares aéreos com as Forças de Defesa da Guiana (GDF, na sigla em inglês) nesta quinta-feira (7), anunciou a embaixada dos Estados Unidos em Georgetown.
Em comunicado, o órgão afirma que trata-se de “operações de rotina” com o objetivo de “aprimorar a parceria de segurança entre os EUA e a Guiana e fortalecer a cooperação regional”.
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O texto ainda afirma que a unidade do Exército americano responsável por conduzir os exercícios, o Comando Sul dos EUA, “continuará sua colaboração com as GDF nas áreas de preparação para desastres, segurança aérea e marítima e combate a organizações criminosas transnacionais”. “Os EUA seguem comprometidos em ser um parceiro de segurança confiável para a Guiana”, completa.
Embora o comunicado não mencione o assunto, a motivação mais evidente para os exercícios é a atual ameaça da Venezuela a Essequibo, na Guiana. Caracas, aliás, chamou os exercícios de uma ” infeliz provocação” rumo “à direção errada”. “Avisamos que não impedirão nossas ações futuras para recuperar Essequibo. Não se equivoquem!”, escreveu o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, no X.
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A Casa Branca, por sua vez, evitou relacionar o exercício à ameaça. Questionado se a ação foi um recado a Maduro a Venezuela, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, afirmou que os EUA conduzem operações militares rotineiramente na região.
Dito isso, como eu falei antes, nós reconhecemos a soberania territorial da Guiana. Como fazemos com outras nações da região, nós conduzimos operações e exercícios conforme apropriado”, afirmou.
Kirby se negou a responder se os EUA estariam dispostos a apoiar militarmente a Guiana em um eventual cenário de conflito. “Nós queremos que as fronteiras internacionalmente reconhecidas sejam reconhecidas. Nós queremos que os dois lados resolvam isso diplomaticamente”, disse, repetindo o recado enviado na quarta.
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A Casa Branca também foi questionada sobre o uso de sanções contra a Venezuela. Recentemente, os EUA aliviaram as imposições, como parte de um acordo com o ditador Nicolás Maduro. Em troca, Caracas havia se comprometido, entre outras coisas, a soltar presos americanos até dia 30 de novembro o que não foi cumprido.
Somada à ameaça territorial e à emissão de ordens de prisão contra opositores do regime, o cenário que se desenha aumenta o risco de reimposição das sanções, que atingem sobretudo o setor de petróleo venezuelano.
Essequibo, região que corresponde a 2/3 do território guianense e tem a costa rica em petróleo, é reivindicada pelos venezuelanos desde o século 19. A disputa ficou adormecida por anos, mas voltou à tona nas últimas semanas com a convocação, por parte do regime de Maduro, de um plebiscito sobre a anexação da área, conhecida localmente como Guayana Esequiba (Guiana Essequibo).
No pleito de domingo (3) que segundo a parca imprensa independente local teve baixíssimo comparecimento, o “sim” venceu, com 96% dos que votaram supostamente se manifestando a favor da criação de uma nova província em Essequibo no país e a concessão de nacionalidade aos 125 mil habitantes da região.
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Especialistas temem que o resultado da votação, que contraria recomendação da Corte Internacional de Justiça (CIJ), tenha dado a Maduro o ímpeto de invadir seu vizinho.
Eles observam chances de que o plano seja levado a cabo são pequenas. Mesmo assim, ao longo desta semana, o ditador deu diversas mostras de que pretende ir em frente, ordenando por exemplo que a petroleira estatal PDVSA conceda licenças para a “extração imediata” de petróleo na região e anunciando um projeto de lei que permitiria a anexação.
As medidas causaram apreensão em Georgetown, levando o presidente guianense, Irfaan Ali, a afirmar que contataria “parceiros” internacionais, incluindo Washington. Ao que tudo indica, a resposta dos americanos foi o anúncio dos exercícios militares conjuntos nesta quinta.
Na véspera, Caracas havia acusado Ali de dar “sinal verde” ao estabelecimento de bases militares dos EUA em Essequibo e de “ocupar” a região na práticas.
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