Guru do venture capital busca startups brasileiras. E assim, O investidor do Vale do Silício e entusiasta das criptomoedas, Tim Draper está a caminho do Brasil em busca de novos negócios. O americano conhecido por apostas certeiras no early stage de companhias como Skype, Hotmail, Tesla e Coinbase — já foram ao menos 30 unicórnios no portfólio —, vai se reunir com investidores, fundadores de startups e até políticos em uma espécie de roadshow que começa pelas Bahamas, passa por Chile e Uruguai para se encerrar no Brasil.
E assim, Draper quer atrair grandes investidores institucionais e family offices brasileiros que já entraram em suas antigas investidas, incluindo a compra de um dos maiores hospitais americanos, para um novo fundo que terá como foco empresas latino-americanas — e quer também já mapear potenciais alvos de aporte. A Draper Cygnus, uma parceria do empresário com uma gestora argentina, anunciou em novembro um veículo de US$ 50 milhões para pré-seed a série A na América Latina e abriu a captação de US$ 150 milhões para série B na região.
Cripto XRP supera Solana e Cardano após vitória judicial
Contudo, antes mesmo de iniciar os aportes do novo fundo, Draper vai medir a temperatura do mercado de inovação local e se aproximar de startups nacionais por outra frente. O empresário comanda o reality show Meet the Drapers, uma mistura de Shark Tank com algo de Keeping Up with the Kardashians ao reunir a família, ainda que sem a proposta de bastidores da vida pessoal.
Entretanto, segundo o investidor “nunca vi tantos bons empreendedores na América Latina quanto nos últimos anos”. O americano diz que a região pode ser “a próxima China” — outra gestora em que é sócio, a Draper Associates, foi um dos primeiros VCs do Vale do Silício a investir no gigante asiático, entrando no cap table de companhias como o Baidu ainda em estágio inicial. Com a maior tensão em techs naquele país, o investidor resolveu procurar outros endereços.
No entanto, o investidor afirma, “acredito que a América Latina está muito bem posicionada agora porque há muita competição por capital entre os países. Quando a Argentina passou a ficar um pouco socialista demais, muitos dos grandes empresários foram para o Uruguai”, compara. Mais recentemente, empresas e investidores estrangeiros ligaram seus alertas no México diante de um governo mais nacionalista — mas que abarca inovações, como a meta de ter sua própria criptomoeda circulando nos próximos anos.
Venda da Oi Móvel tem pedido de nulidade feito pela Copel
E assim, o entusiasmo da família com países latinos emergentes, em parte, se deve à simpatia desses endereços aos criptoativos. Draper vê com bons olhos iniciativas como a de El Salvador, que recentemente adotou o bitcoin como sua moeda oficial. Para o país, no entanto, a experiência tem sido amarga: com a volatilidade do ativo, chegou a perder 25% de suas resrevas na semana passada, o FMI decidiu intervir, exigindo que o governo abandone o projeto em troca de refinanciamento da dívida pública.
Desta forma, entre os interesses do investidor esta a intenção de tributação ou não de criptomoedas e os investimentos em 5G são alguns dos interesses de Draper. Porém as agendas com o presidente uruguaio Luis Lacalle Pou e com o primeiro ministro das Bahamas, Philip Davis, nos próximos dias. “Viajo o mundo à procura de empreendedores e prefiro encontrá-los nos países mais avançados em termos de novas tecnologias”, diz. “Hoje vemos mais alfa em oportunidades globais de inovação pura vindo da América Latina.”
Cofundadora do Nubank perde status de bilionária
Em contrapartida, sem olhar para setores específicos, embora reconheça o aquecimento em healthtechs, o executivo e seus sócios estão à procura de inovação em deep tech — seja em games, “carros voadores”, satélites e biotecnologia, ou segmentos mais tradicionais, como alimentos, mídia e mercado imobiliário, exemplifica.
Por fim, para se ter uma ideia durante as primeiras três temporadas, mais de 100 startups já se apresentaram aos Drapers, que aportaram US$ 4,5 milhões nesse portfólio. Nessa viagem, é a primeira vez em que serão gravados episódios na América Latina — ainda estão sendo aceitas inscrições de empreendedores da região. Já na sexta temporada, o reality americano espera alcançar 13 milhões de espectadores.