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Universidade jesuíta tem seu patrimônio confiscado pelo Estado na Nicarágua

Lula se recusa a aderir a termo da ONU contra Ortega
Daniel Ortega e Lula/ Wikipedia

Universidade jesuíta tem seu patrimônio confiscado pelo Estado na Nicarágua. A Justiça da Nicarágua, controlada pelo ditador Daniel Ortega – amigo do presidente Lula (PT) – ordenou que a jesuíta Universidade Centro-Americana (UCA), um dos mais prestigiados centros privados de estudos do país, transfira ao Estado seus bens e imóveis, assim como suas contas bancárias, segundo informou nesta quarta-feira (16) a instituição educativa.

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A UCA, fundada em 1960, confirmou por meio de um email dirigido à comunidade educacional que recebeu nesta terça-feira (15) uma carta da juíza Gloria María Saavedra, titular da Décima Vara Criminal do Distrito de Manágua, na qual foi notificada dessa e de outras medidas.

Na carta, a universidade jesuíta foi informada “da apreensão de bens, imóveis, dinheiro em moeda nacional ou estrangeira de contas bancárias imobilizadas, produtos financeiros em moeda nacional ou estrangeira detidos pela UCA”, segundo o email.

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A juíza também ordenou “que a penhora de todos os bens descritos no ponto anterior seja a favor do Estado da Nicarágua, que garantirá a continuidade de todos os programas educacionais”.

UCA RECHAÇA ACUSAÇÕES INFUNDADAS
Segundo o centro de estudos, essas medidas punitivas foram tomadas “em resposta a acusações infundadas de que a Universidade Centro-Americana funcionava como um centro de terrorismo, organizando grupos criminosos”.

– Diante de tudo isso, a UCA reitera seu compromisso com a sociedade nicaraguense por uma educação superior de qualidade e fiel a seus princípios fundadores há 63 anos – acrescentou.

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Além disso, agradeceu “a confiança, solidariedade e proximidade manifestadas por alunos, professores, funcionários administrativos e pela sociedade nicaraguense que se identifica com os princípios e valores desta Alma Mater”.

Devido a este ofício, a universidade jesuíta, cujo reitor é o padre Rolando Enrique Alvarado López, decidiu suspender a partir desta quarta “todas as atividades acadêmicas e administrativas, até que seja possível retomá-las de maneira normal, o que será informado por meio dos canais oficiais de comunicação”.

Na semana passada, as autoridades nicaraguenses congelaram as contas bancárias da universidade jesuíta e imobilizaram legalmente suas propriedades, em meio a confrontos entre o governo Ortega e a Igreja Católica.

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Por sua vez, a Direção de Resolução Alternativa de Conflitos (Dirac), ligada à Corte Suprema de Justiça, controlada pelos sandinistas, revogou na última segunda-feira a credencial do Centro de Mediação da UCA, quatro meses depois de essa

mesma entidade ter renovado sua vigência.

UCA PROTEGEU ALUNOS E JESUÍTAS BANIDOS
Em março de 2022, as autoridades nicaraguenses excluíram a UCA da alocação constitucional de 6% que as universidades recebem anualmente e em setembro do mesmo ano proibiram a entrada no país do vice-reitor da instituição, Jorge Huete, após uma viagem de trabalho para a Argentina.

O ex-reitor da UCA José Alberto Idiáquez, que participou de um diálogo com o qual se buscava superar a crise que a Nicarágua atravessa desde abril de 2018, também não pôde retornar ao país em julho de 2022, depois de viajar ao México para tratar problemas de saúde.

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A universidade jesuíta também foi palco de dezenas de marchas contra o governo Ortega, no marco da crise que a Nicarágua atravessa desde abril de 2018.

Em 30 de maio de 2018, abriu suas portas para milhares de estudantes que buscaram refúgio após participarem de uma grande marcha da oposição em Manágua, que terminou em um banho de sangue.

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Além disso, acolheu a exposição “Amar e Não Esquecer: Museu da Memória contra a Impunidade”, promovida pela Associação das Mães de Abril (AMA), em homenagem aos que morreram durante as manifestações antigovernamentais.

A Nicarágua vive uma crise política e social desde abril de 2018, que se agravou após as polêmicas eleições gerais de 7 de novembro de 2021, nas quais Ortega foi reeleito para um quinto mandato com seus principais candidatos na prisão ou no exílio.

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