Vale anuncia evacuação de Barão de Cocais e Ouro Preto. A Vale vai remover, nos próximos dias, mais famílias do município mineiro de Barão de Cocais que vivem nos arredores da Barragem Norte/Laranjeiras. A mineradora informou nesta quinta-feira,18 que as condições de segurança da estrutura permanecerem inalteradas. Contudo, um novo estudo foi realizado e levou a uma alteração na abrangência da zona de auto salvamento. Ou seja, toda a área que seria inundada em menos de 30 minutos no caso de um rompimento.
Contudo, ainda através de nota, a Vale explicou que prestará toda assistência necessária às famílias até que a situação seja normalizada. “A Barragem Norte/Laranjeiras já não recebe rejeitos e conta com ações de melhoria de segurança e condições de estabilidade em curso. A companhia reitera que sua prioridade é a segurança das pessoas e comunidades a jusante de suas operações, assim como a segurança de todas as suas estruturas”, comunicou a Vale.
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No entanto, a Barragem Norte/Laranjeiras integra a Mina de Brucutu, localizada em São Gonçalo do Rio Abaixo (MG). A nova área incluída na zona de autossalvamento, no entanto, fica em Barão de Cocais. Alguns moradores do município foram removidos em novembro do ano passado.
Entretanto, Ouro Preto também é sede de estruturas da Vale com risco de rompimento. Por esta razão, estão paralisadas. Em dezembro do ano passado, o TJMG autorizou a mineradora a fazer manutenção, inspeção e monitoramento das barragens Forquilhas I, II e IV do Complexo Mina da Fábrica.
Desta forma, a Vale fez o pedido judicial argumentando que a situação poderia ficar crítica, com risco de efetivo rompimento devido a proximidade ao período chuvoso. De acordo com a mineradora, todas as suas barragens são monitoradas permanentemente com equipamentos modernos.
Contudo, a Vale afirmou que nos casos que demandam remoção, os aluguéis de novas casas serão custeados pela responsável pela estrutura. Os imóveis devem ser aprovados pelos atingidos.
Vale promove descaracterização das barragens
Desde as duas tragédias ocorridas anos atrás a Vale vem tomando providências para evitar novos rompimentos. Em comunicado divulgado no mês passado, a Vale informou já ter concluído a descaracterização de quatro barragens. E ainda ter atualizado o plano com base em novos estudos. “Ele [plano] considera atualmente 29 estruturas geotécnicas, compreendendo 14 barragens, 13 diques e dois empilhamentos drenados”, explicou em comunicado.
No entanto, existem outras mineradoras com barragens em risco. A ArcelorMittal, por exemplo, é responsável pela barragem do complexo minerário Serra Azul, situada em Itatiaiuçu (MG). Mais de 200 moradores precisaram deixar suas casas após o acionamento do nível de emergência 2, no dia 8 de fevereiro de 2019.
Contudo, na semana passada, quando a evacuação completou dois anos, os residentes na área fecharam uma rodovia estadual em protesto. Recentemente, eles apresentaram uma proposta de matriz de danos à mineradora, ao MPF e ao MPMG, elaborada com o apoio da Associação Estadual de Defesa Social e Ambiental (Aedas), entidade escolhida pelos próprios atingidos para prestar assessoria técnica.
No entanto, de acordo com a ArcelorMittal as negociações prosseguem. “Está acordado que, até 5 junho de 2021, seja assinado o termo de acordo complementar. Isto sob coordenação das instituições de Justiça, que deverá contemplar todo o plano de reparação integral dos danos individuais sofridos”, afirmou a Aedas.