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Por trás das fofocas e da aparente frivolidade estão milionárias verbas publicitárias de grandes empresas, cada vez mais destinadas a canais digitais, assim como uma rede de perfis capaz de pautar a internet brasileira. Para os anunciantes, a Banca Digital se define como “a forma perfeita da sua marca fazer parte das conversas mais virais do momento”.

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Entre os clientes estão a Amazon, a Ambev, a Heinz e o Mercado Livre, TV Globo, C&A, Magazine Luiza, Americanas. Essas e outras empresas buscam engajamento com os “mais de 73 milhões de seguidores”, métrica de “alcance único” que a empresa de marketing de influência divulga. São usuários do Instagram e do Twitter que seguem os “35 maiores perfis de entretenimento”, todos agenciados pela Banca Digital, conforme ela própria salienta. As “conversas mais virais do momento” muitas vezes são definidas pelos perfis que lucram a partir delas.

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Perfis publicam conteúdo difamatório como antigas revistas de fofoca

A morte de Jéssica Vitória Canedo, 22 anos, casou agitação nas redes sociais. A jovem, vítima de difamação do perfil de fofoca Choquei, tinha histórico de depressão e cometeu suicídio, na última sexta-feira, depois de divulgação de falsa fofoca.

Conhecido por compartilhar informações sem checagem, o Choquei divulgou imagens de supostos diálogos amorosos entre Jessica e o humorista Windersson Nunes. Os dois negaram as informações.

O humorista em suas redes sociais escreveu: ” Não faço ideia de quem seja essa moça, e isso é um print fake”, na época. Já Jéssica escreveu em seu instagram: “Isso já passou do limite” , antes de tirar a própria vida.

Se você usa internet no Brasil, já deve ter sido impactado. São conteúdos como os pedidos de Anitta, Luisa Sonza e Pabllo Vittar para jovens tirarem título de eleitor, com 200 mil likes ou um vídeo fofo do sertanejo Gusttavo Lima com os filhos em uma barbearia, que mereceu 238 mil coraçõezinhos.

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Embora pareçam concorrentes, os perfis Fofoquei (6,6 milhões) e Central da Fama (5,1 milhões) e o então em voga Choquei, são representados por uma única equipe comercial — a da Banca Digital, braço de marketing de influência da empresa Mynd8.

E com grandes audiências, vêm grandes responsabilidades. Os perfis agenciados pela Banca Digital tratam majoritariamente de temas relacionados a celebridades e entretenimento e política, mas também têm poder para estabelecer debates sobre outros assuntos.

O poder e dinheiro que alimenta o mercado de fofoca e difamação

O fundador do Spotniks, Rodrigo da Silva, publicou em seu X/Twitter, a indústria multimilionária de influenciadores digital no Brasil.

Ele explica que Fátima Pissarra, é a CEO da Mynd, a maior agência de marketing de influencia do país, que foi construída ao lado da cantora Preta Gil e do publicitário Carlos Scappini.

A Mynd agência de mais de 400 influenciadores dos quais Luísa Sonza, Pablo Vittar, Cleo, Bela Gil, Pequena Lo, Deolane Bezerra, Esse Menino, Bruna Louise, Lexa, Gil do Vigor entre outros.

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O elenco de influenciadores da Mynd em conjunto soma mais de 1 bilhão de seguidores. Os clientes da Mynd incluem as empresas acima.

A Mynd faturou mais de R$ 500 milhões em 2022. E a previsão chega a mais de R$ 1,5 bilhões em 2025. A publicidade é apenas uma fonte de receita da empresa.

Outro braço do grupo é a House of Brands, promove produtos como perfumes, cremes e maquiagens.

Além de influenciadores e celebridades a Mynd promove perfis de fofoca como Fuxiquei, Fofoquei, Gina Indelicada, Diferentona, Otariano e Alfinetei.

A Mynd8 afirma que o perfil Choquei não é mais agenciado pela Banca Digital, desde janeiro de 2022. A Banca Digital nega que haja coordenação entre as páginas. “Cada perfil é independente e possui um dono e uma equipe, não existindo qualquer integração e interferência entre eles em relação à linha editorial”.

Mas os perfis em sua maioria veiculam as mesmas informações criando um ambiente viral.

Entre os agenciados pela Mynd está a página “Garoto do Blog”. Há poucos dias, este perfil publicou um print falso com o diálogo de Whindersson Nunes com a jovem Jéssica conforme mencionado acima. O perfil Choquei ajudou a impulsionar o conteúdo falso.

A Mynd cria uma pirâmide com seus conteúdos

A distribuição do conteúdo produzido por seus influenciadores e perfis é distribuída como uma pirâmide. Esta forma ela consegue viralizar marcas, assuntos e influenciadores. Pois ocorrem muitas publicações ao mesmo tempo e os seguidores dos perfis produzem o engajamento e o algorítimo faz o resto do trabalho e dissemina ainda mais ´postagens sobre o conteúdo para fora da bolha, criando um viral artificial.

Um exemplo desta pirâmide pode ser o que ocorre em festivais de música. Na última edição do Rock in Rio foram conectados pelo menos 100 agenciados da Mynd, de diferentes nichos e perfis, a 19 grandes marcas-da Coca-Cola ao Itaú. Onze músicos da agência se apresentaram no festival.

E assim ocorre o círculo de impulsionamento. Em 2021 a Globo contratou o perfil Gina Indelicada, da Banca Digital, para falar bem da novela Um Lugar ao Sol. Dias depois, o criador do perfil recebeu elogios do Fantástico.

Acontece que a Mynd também é acusada de que seus perfis também sejam pagos para coordenar cancelamentos e prejudicar personalidades públicas. O que inclui questões políticas como colocamos acima por exemplo. A campanha para que jovens tirassem titulo de eleitor foi um sucesso.

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Contudo, como a maioria de seus influenciadores possuem uma linha ideológica semelhante ela é capaz de formar opinião com seus conteúdos.

Embora não exista nenhuma ilegalidade no trabalho da Mynd. Existe neste caso uma indústria capaz de criar e difundir agendas, ideas e conceitos muitas vezes artificialmente, dentro e fora do universo político. Isto pode destruir ou construir reputações de pessoas inocentes ou não.

É importante entender que o que acontece no caso da agência Mynd é apenas uma das empresas da indústrias que tem poder de construir ou destruir pessoas com fatos que muitas vezes são mentiras, não existem de verdade. Isso não é uma novidade da internet que por exemplo alguns afirmam que precisa ser “regulada”, isso sempre existiu. Já foi feito pela televisão e pelas revistas, como Caras, Contigo, Capricho, Veja, Querida, Exame e por ai vai.

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