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O CEO da Gol (GOLL4), Celso Ferrer, afirmou nesta quinta-feira, 25, que as empresas do setor aéreo conversam com o governo para garantir um preço de combustíveis competitivo e um custo de crédito mais baixo. “Os programas do governo que acontecerem daqui para frente vão acelerar o processo de reestruturação”, disse o executivo em entrevista à imprensa. A empresa entrou nesta quinta com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos.

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O setor aéreo demanda crédito, e o acesso à capital a custo baixo é fundamental para a companhia”, afirmou. O governo federal discute um plano de apoio às companhias aéreas para garantir uma redução nas tarifas.
Ferrer disse que a Gol não prevê redução das operações após a decisão de entrar com Chapter 11, processo na Justiça americana equivale à recuperação judicial brasileira. “O Chapter 11 não terá impactos para passageiros e agentes de viagem”, afirmou. O executivo disse também que a empresa não planeja reduzir frota, rotas ou demitir funcionários.

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“A proteção do Chapter 11 é justamente para não afetar a malha aérea”, explicou. Ele afirmou que a empresa deve continuar a renovação da frota. “Estamos recebendo uma aeronave agora”, complementou.

O CEO disse ainda que é cedo para dar uma meta de endividamento, mas o objetivo é reduzir a alavancagem. “Esperamos sair desse processo com a estrutura de capital correta”, explicou.

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Brasil anuncia ajuda para o setor da aviação

O pedido de ajuda judicial na gringa levou as ações da companhia a zerarem a alta que registravam na bolsa brasileira e terminarem o pregão no campo negativo hoje. Os papéis fecharam em queda de 3,1%, cotados a R$ 6,44.

Vale destacar que a Gol divulgou a informação no mesmo dia em que o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, anunciou que o governo criará um fundo, de cerca de R$ 4 bilhões a R$ 6 bilhões, para financiar a aviação civil. 

Mesmo com a iniciativa da União, o processo de RJ pode ser estendido para a Justiça brasileira. A petição enviada ao tribunal de NY mostra que o conselho de administração já autorizou a companhia a implementar a reestruturação no Brasil e “buscar a devida tutela judicial, extrajudicial ou administrativa adequada”.

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Ferrer não deu prazo esperado pela companhia para concluir o processo na Justiça americana, mas disse acreditar que dure “significativamente menos” do que o de outras companhias aéreas da América Latina.

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A Latam e Avianca, por exemplo, demoraram cerca de dois anos. Ferrer avaliou o processo de reestruturação das duas empresas como bem-sucedido, mas avalia que o momento atual é mais favorável para a Gol. “Não estamos em uma pandemia, é um cenário de demanda consistente”, afirmou.

Para ele, a operação da Gol é mais simples, com apenas um tipo de aeronave, o que deve também contribuir para agilizar a conclusão do Chapter 11. O executivo avalia que o fato de a empresa ter feito dois rounds de negociação com lessores (arrendadores de aeronaves) em 2023 deve também garantir que essas conversas sejam concluídas com sucesso em pouco tempo.

O CEO da Gol não quis comentar os termos da negociação do Chapter 11. Ele apenas afirmou que o objetivo é melhorar a estrutura de caixa da companhia, diminuindo a alavancagem e mantendo as operações normalmente.

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Negociações da Gol com credores
Ferrer disse que perto de metade da dívida da Gol, de R$ 20 bilhões ao final do terceiro trimestre de 2023, é detida por 25 lessores. “A negociação com lessores está evoluindo e, em diferentes estágios, alguns estão nos apoiando muito”, afirmou.

Normalmente, a negociação com os lessores é a que demora mais em processos de reestruturação de dívidas do setor aéreo, por conta dos altos valores envolvidos. A Gol iniciou a primeira rodada de negociação com lessores em junho de 2023 e outra rodada de reuniões ocorreu em outubro. “Os lessores conhecem a nossa pauta, eles sabem o que precisamos endereçar”, disse Ferrer.

Como os lessores estão situados no exterior, principalmente nos Estados Unidos, a companhia aérea brasileira optou por pedir a proteção judicial para reestruturar a dívida na Corte de Nova York. “Vamos utilizar o sistema judicial dos Estados Unidos para facilitar a reestruturação.”

O executivo disse que a Gol analisou outros casos de empresas aéreas que pediram proteção judicial nos EUA e observou que todas saíram “bastante fortalecidas” do processo. “O processo de Chapter 11 já foi muito testado no setor de aviação.” Ferrer citou exemplos de sucesso do processo, como a Avianca Colômbia, Latam e Aeromexico na América Latina, além de outras como a Delta e American Airlines nos Estados Unidos.

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Empréstimos
A Gol vai receber os US$ 950 milhões do Debtor-in-Possession (DIP), um empréstimo específico para empresas em situação financeira difícil, já nos próximos dias, disse Ferrer.

Com esses recursos, a empresa espera continuar mantendo as operações normais nos aeroportos. O CEO ressaltou em diversos momentos na entrevista que a parte operacional da Gol não será afetada.

O DIP foi conseguido com os detentores de títulos da Abra, empresa que controla da Gol. “A companhia buscará acesso a esse financiamento como parte da audiência do Primeiro Dia com o Tribunal dos EUA, prevista para os próximos dias.” Ferrer lembrou que o DIP foi conseguido por um grupo de investidores que já conhecem bastante a companhia.

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Os detentores de bonds (títulos de dívidas) da Gol que vencem em 2026 não participaram desse empréstimo. O advogado Luiz Otávio Lopes, sócio do escritório Lefosse Advogados, explicou na entrevista à imprensa que esses investidores do DIP estão presentes na Abra, que não se confundem com os acionistas da holding.

A Gol é uma das duas companhias aéreas detidas pela Abra, a outra é a Avianca. “Por serem detentores de dívida da Abra, já tinham bastante familiaridade com a Gol.”