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Taxas futuras de juros fecham em alta após críticas de Lula à Selic e antes de feriado no Brasil. Após duas sessões de queda, as taxas dos contratos futuros de juros fecharam em leve alta nesta quinta-feira, com investidores repercutindo novas críticas do governo ao atual nível dos juros básicos e ajustando posições antes do feriado de sexta-feira no Brasil, quando saem dados importantes sobre emprego nos EUA.

Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que o dia no Brasil foi marcado por liquidez reduzida em todos os mercados, em especial no período da tarde, quando muitas mesas de operações já estavam esvaziadas.

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Depois dos recuos mais recentes nas taxas futuras, em especial na ponta longa, os comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a manhã trouxeram um viés de alta para a curva.

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Em café com colunistas em Brasília, Lula afirmou que se a atual meta de inflação está errada, ela deve ser alterada. Além disso, voltou a criticar o patamar da Selic, a taxa básica de juros, hoje em 13,75% ao ano, classificando-o como “incompreensível”.

“É no mínimo uma coisa não razoável de ser dita, porque se a meta está errada, muda-se a meta”, disse Lula.

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A meta da inflação para 2023 é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Para 2024 e 2025, o patamar estabelecido é de 3%, com a mesma banda de tolerância. Em fevereiro, o IPCA, índice de inflação de referência usado pelo governo, registrou alta acumulada em 12 meses de 5,6%, acima do teto da meta estabelecida para este ano.

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A meta de inflação é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), composto pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Desde o início do ano, especula-se que a meta para 2023 pode ser alterada em função da inflação acelerada, o que abriria espaço para a antecipação de cortes na Selic.

Campos Neto, no entanto, tem defendido que a mudança na meta pode ter o efeito contrário, com a piora das expectativas na curva de juros.

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Nesta quinta-feira, os vértices mais longos da curva a termo refletiram certo desconforto com a fala de Lula.

Em entrevista à BandNews TV, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou tom conciliador. Segundo ele, está havendo uma “convergência” entre as políticas fiscal e monetária. Haddad também chamou atenção para os elogios mais recentes do BC aos planos do governo para as contas públicas.

Neste contexto, no fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para outubro de 2023 estava em 13,51%, ante 13,495% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,25%, ante 13,225% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 12,035%, ante 11,968%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,99%, ante 11,908% do ajuste anterior.

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Perto do fechamento, a curva a termo precificava apenas 3% de chances de o BC reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de maio e 97% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

No exterior, em meio à expectativa pelos dados de emprego nos EUA nesta sexta-feira –quando é feriado no Brasil– os retornos dos Treasuries também sustentavam altas. Economistas consultados pela Reuters esperam que a criação de vagas de trabalho em março nos EUA tenha sido de 239 mil, após aumento de 311 mil em fevereiro

Às 16:45 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 1,10 ponto-base, a 3,2976%.