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Mercado financeiro terá maior colapso da história, alerta Rabobank

Ações devem corrigir entre 5% e 10% até fim de 2021 segundo Banco

Mercado financeiro terá maior colapso da história, alerta Rabobank. De acordo com o analista do Rabobank, Michael Every, é comum que muitos investidores acreditem que podem ganhar dinheiro com ações sem incorrer em muitos riscos, mesmo durante crises mundiais, como ocorreu com a pandemia de covid-19, na crença de que sempre haverá socorro financeiro para sustentar os mercados.

Em sua visão, essa mentalidade é irracional e perigosa, na medida em que não leva em conta as mudanças profundas pelas quais os mercados financeiros passam de tempos em tempos.

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Trata-se de um erro cometido não só por investidores comuns, que colocam em risco suas economias, mas também por líderes políticos, que falam em “mudança de era”, sem saber ao certo o que de fato isso significa.

Muitos gestores de ativos que administram trilhões de dólares ainda apostam na inflação baixa e nos cortes nas taxas de juros como soluções para todos os problemas estruturais.

Mas, como observa Every, isso não corresponde à realidade atual.

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A China proíbe seus funcionários de usarem iPhones e restringe as exportações de minerais raros. Os EUA bloqueiam a importação de produtos da Huawei e impõem barreiras a exportações de tecnologia avançada. A União Europeia pretende dificultar o acesso da China ao mercado automotivo local, ao passo que o líder chinês Xi Jinping não comparece à cúpula do G20.

Esses fatos mostram que o modelo de globalização com inflação baixa, que impulsionou os lucros e o crescimento nas últimas décadas por meio da terceirização de processos de produção, está entrando em colapso. A autonomia e o protecionismo são as tendências da nova era, e ambos são negativos para os mercados financeiros.

O comunismo chinês é anti-mercado

A narrativa de que a China prioriza o crescimento econômico acima de tudo é falsa como sempre foi. O poder do governo chinês se baseia no controle, não na prosperidade da população. E quem estudou seriamente Marx, Lenin e Minsky, em vez de apenas ler revistas como Fortune e Forbes, sabe disso, segundo Every.

O mesmo vale para a mudança de rumo nos Estados Unidos. Every cita uma publicação da American Compass que reflete os esforços dos republicanos. Sob o título “Reconstruindo o Capitalismo Americano”, eles apresentam um plano claro sobre como lidar politicamente com os novos desafios e restaurar a força dos Estados Unidos.

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Esse plano inclui tarifas globais de importação de 10%, aumentando 5% ao ano até eliminar o déficit comercial. O status de membro da China na Organização Mundial do Comércio (OMC) não será mais reconhecido e os EUA não aceitarão mais que a entidade decida sobre a política comercial do país.

Empresas de investimento norte-americanas estão proibidas de comprar ativos chineses, ao mesmo tempo em que a China perde o acesso aos mercados de capitais dos EUA. A cadeia de valor de bens industriais e seus intermediários deve ocorrer pelo menos 50% localmente. Além disso, está prevista uma representação dos trabalhadores que conduzirá negociações salariais setoriais e defenderá os direitos dos trabalhadores e suas organizações sindicais.

E como se isso não bastasse, os republicanos também têm os mercados financeiros na mira, na intenção de implementar um imposto sobre transações financeiras de 10 pontos-base em todas as atividades nos mercados secundários. Ao mesmo tempo, a recompra de ações é ameaçada e a dedução fiscal dos juros chega ao fim.

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Every alerta que as medidas propostas pelos governos para lidar com a crise atual são tão radicais que podem provocar um colapso sem precedentes nos mercados financeiros, mesmo que sejam parcialmente aplicadas. Ele observa que os relatórios dos bancos de investimento ignoram esse cenário, por ser considerado irrealista e incompatível com seus interesses.

No entanto, o analista lembra que eventos improváveis, como o Brexit, a pandemia e o conflito na Europa ocorreram nos últimos anos, apesar dos sinais de alerta que foram desprezados.

Ele argumenta que, diferentemente das crises de 1929 e 2008, não haverá uma recuperação rápida e sustentada desta vez.

Em sua visão, os fatores que garantiam a estabilidade dos mercados, como inflação baixa, liquidez abundante, valorização imobiliária e satisfação eleitoral, se esgotaram, apontando que uma nova era de alta volatilidade está se iniciando, com impactos negativos no crescimento, na inflação, na política e na geopolítica.

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Ele conclui que apenas os investidores que entenderem o quadro geral e souberem se adaptar às mudanças poderão lucrar com operações inteligentes – a era das apostas otimistas permanentes está acabando.

O fim de uma era: analista prevê colapso “pior que 1929” nos mercados financeiros.

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