Patrocinado

O Ibovespa terminou janeiro com queda em torno de 4,00% até a última sexta-feira. O que é o pior desempenho para o mês desde 2016, quando perdeu 6,79%. Naquela ocasião, o índice refletiu cautela diante da pressão política pela queda da Selic, além dos escãndalos de corrupção, pedaladas fiscais do governo Dilma (PT). Já neste mês a deterioração decorre, principalmente pela insegurança fiscal e jurídica no país, além de dúvidas sobre o início do ciclo de redução dos juros nos Estados Unidos.

A perda na B3 em janeiro é acompanhada das de pares emergentes. Neste mês até o momento, as bolsas de México e Chile acumulam baixas de cerca de 3,5%, ambas, porém no México o presidente do país esta sendo acusado de corrupção.

As bolsas de Nova York, no entanto, sustentam ganhos, com foco na desinflação americana, que deve garantir um corte de juros ao longo do ano, e na percepção de um pouso suave da economia do país. Há ainda um otimismo com o setor de tecnologia.

MAIS: Brasil anuncia que Petrobras vai retomar construção de fábrica de fertilizante com Bolívia

“A queda dos ativos de risco não foi exclusiva do Brasil. Economias emergentes sofrem um pouco mais com a reprecificação da expectativa sobre juros dos EUA, que é o fator principal para a retirada do fluxo externo em janeiro e, consequentemente, baixa do Ibovespa”, afirma Rafael Passos, sócio e analista da Ajax Asset. Segundo ele, o investidor estrangeiro corresponde a aproximadamente 50% do volume de negociação da Bolsa local.

LEIA: Musk negocia com acionistas transferência da Tesla para o Texas, estado que respeita negociações empresariais

Acesse as notícias que enriquecem seu dia em tempo real, do mercado econômico e de investimentos aos temas relevantes do Brasil e do mundo pelo telegram Clique aqui. Se preferir siga-nos no Google News: Clique aqui.

AINDA: PF pede ao STF quebra de sigilo de Janones. Primeiro movimento fora da oposição ao governo

A reprecificação para os juros americanos ocorreu após dados econômicos mais firmes, a exemplo do payroll, do CPI e das vendas do varejo, além de pronunciamentos mais hawkish de autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

O capital externo estava positivo até 16 de janeiro, mas inverteu o sinal e o último dado disponível, 22 de janeiro, mostra que o estrangeiro retirou R$ 4,953 bilhões no acumulado do mês, resultado de compras de R$ 186,443 bilhões e vendas de R$ 191,396 bilhões.

MAIS: Copom alerta para risco de inflação alta e coloca selic a 11,25% ao ano

Analista acreditam que, “o mercado está caindo em si. Houve um otimismo exacerbado nos dois últimos meses do ano passado. Não é mais o céu de brigadeiro que se projetou lá atrás”, dizem.

O mercado doméstico sempre chama a atenção dos estrangeiros. “Há algumas características que saltam aos olhos do gringo, como o tamanho do mercado, os juros brasileiros, o mercado de títulos. E há uma visão de que o País está em uma situação relativamente positiva em termos de evolução da atividade, das reformas estruturais. São componentes que fazem com que o Brasil seja um grande receptor.”

LEIA: Brasil passa a ser o mais endividado da América Latina em 2023, supera Argentina

Caso o payroll de fevereiro mostre geração de empregos acima do esperado, descarta a possibilidade de queda em março e a precificação de corte começa a ir mais para maio ou segundo semestre. E assim, Março está descartado”, explicam analistas.

A política monetária dos EUA deve continuar a pesar no fluxo externo para a B3. Isso mexe com o Ibovespa, que pode ficar acomodado entre os 125 mil e os 130 mil pontos. Só vai se movimentar mesmo se os estrangeiros entrarem. São eles que fazem a Bolsa andar, mas com a insegurança fiscal e jurídica atual os investimentos no Brasil passam a ser de maior risco e ainda mais especulativos.

SAIBA: Briga de Bancos e empresas de maquininhas pelo monopólio de crédito vai para a PGR

Em relação à questão fiscal do Brasil, tema de grande atenção dos investidores, alguns analistas afirmam que “os ruídos não ajudam a compensar o exterior um pouco mais negativo, mas o fator mais forte para a retirada de recurso estrangeiro da Bolsa brasileira ainda é o aumento da taxa dos Treasuries”.

Na segunda-feira, porém, incertezas geradas pelo lançamento da nova política industrial do governo Lula baseada no BNDES penalizaram os negócios.

VEJA: Dívida pública federal sobe 10% em 2023 e atinge R$ 6,5 trilhões