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Presidente do BC afirma que crédito caro no país é culpa da dívida e gasto do governo. O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, criticou o alto endividamento do governo federal. Em entrevista à CNN Brasil, veiculada na sexta-feira 12, o economista afirmou que, se a dívida do governo fosse baixa, o custo do dinheiro estaria mais em conta.

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“Se você, empresário, está tentando pegar um dinheiro e está caro, a culpa não é do BC, porque é malvado, a culpa é do governo, que deve muito”, disse o chefe do BC em entrevista ao programa do empresário Abílio Diniz na CNN Brasil.

Para Campos Neto, o alto patamar da taxa de juros não é culpa da autarquia, mas da dívida do governo. “A gente tem de tomar cuidado para não ter uma inversão de valores”, observou. “Se você, empresário, está tentando pegar um dinheiro e está caro, a culpa não é do BC, porque é malvado — a culpa é do governo, que deve muito, porque o governo está competindo com você pelo dinheiro que tem disponível para aplicar em projetos.”

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O economista classificou como “falácia” dizer que a inflação não está associada à demanda. “Quando a gente pensa que o governo faz uma emissão hoje, e paga uma taxa de juro real acima de 6%, isso não tem a ver com o Banco Central”, explicou. “Isso é uma percepção de longo prazo, e existe um risco que justifique que a taxa de juro real seja 6%.”

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O presidente do BC também destacou que a meta de inflação, que vem sendo criticada pelo governo e por alguns participantes do mercado, é determinada pelo próprio governo e não pelo BC. Campos Neto garantiu que a missão da autoridade monetária é levar a inflação para a meta com o menor custo para as famílias e para as empresas.

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“Sempre gostaríamos de ter juros baixos, estáveis e crédito crescendo”, ressaltou.

O mandatário do Banco Central aproveitou, ainda, para se colocar disponível para conversar com o presidente Lula a “qualquer hora e qualquer momento”. Campos Neto disse que tem tentado marcar reuniões com ministros do governo, mas nem sempre consegue.

Ao opinar sobre o arcabouço fiscal apresentado pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso, Campos Neto elogiou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e considerou o projeto “corajoso”. “Acho que o ministro está no caminho certo”, afirmou. “Elogiei e continuo elogiando. Acho que, dado o cenário, dado o governo, dadas as forças internas dentro do governo, o que foi feito foi bastante corajoso.”

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No entanto, Campos Neto avaliou que o mais urgente é diminuir o risco de estouro da dívida do Brasil. Para o presidente do BC, a proposta do governo Lula consegue atingir esse objetivo. “Acho que o arcabouço, mesmo que não tenha tantas mudanças no Congresso, meio que elimina essa possibilidade”, avaliou, ao ressaltar que a dificuldade de cortar gastos é o principal problema histórico do país.

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